Alunos, ex-alunos e professores da Escola Estadual Paes de Carvalho realizaram um “abraço” na instituição, na manhã de ontem. O gesto foi em sinal de protesto pelo abandono em que se encontra uma das instituições de ensino mais antigas do Brasil. Além da falta de estrutura, a manifestação desta vez foi convocada devido à decisão da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) em não abrir o prazo de pré-matrícula para novos alunos do 1º ano.

O professor de sociologia do Paes de Carvalho, Juscelino da Costa, explica que a escola é a única a não constar no sistema de matrícula da Seduc no momento, o que, para ele, significa que não terá novos alunos em 2019. “Na medida em que a Secretaria não abre a pré-matrícula pode significar redução de carga horária com redução de salário e até demissão de funcionários”, teme o professor.

Para o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), a decisão da Seduc esconde o propósito do Governo em desativar a escola. “Sem novas matrículas a escola passa a sofrer descontinuidade gradativamente com tendência a deixar de existir”, questiona o coordenador estadual do Sintepp, Matheus Ferreira. 

Além disso, a comunidade escolar reclama do estado de deterioração em que a escola se encontra. A obra da reforma que era de seis meses já dura há um ano e está longe de ser concluída. Enquanto isso, os alunos sofrem com sujeira, calor e falta de aulas. Desde o início da reforma as turmas foram reduzidas e submetidas ao sistema de revezamento.

SEM CONDIÇÕES

Os alunos dizem que convivem com barulho, salas quentes e banheiros sujos e sem água. Mesmo no prédio anexo, tiveram que parar as aulas devido aos incidentes provocados pelas instalações elétricas defasadas. “Estamos prejudicados porque não temos aula direto, não teremos recesso e ainda vamos iniciar um terceiro ano atrasado, o que complica a preparação para o Enem”, diz o aluno do ensino médio, Wallace dos Anjos, de 16 anos. O ato contou também com o apoio de ex-alunos, como a estudante universitária, Beatriz Gomes, de 20 anos. 

Depois de cursar todo o ensino médio no Paes de Carvalho, o que lhe garantiu uma vaga na faculdade, ela lamenta ver o estado de abandono em que a escola se encontra. “Fico triste em ver a história dessa escola comprometida. O Paes tem o ensino muito bom, professores qualificados, mas perde para a falta de estrutura”, comentou.

(Leidemar Oliveira/Diário do Pará)

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