A última segunda-feira (4) foi um dia marcante para o estudante David Fialho, oriundo do povo Munduruku cara preta. O jovem tornou-se o primeiro economista indígena do Pará. A solenidade de grau da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) foi conduzida pelo diretor do Instituto de Ciências Sociais, Jarsen Guimarães. O indígena veio da aldeia de Escrivão, na região do médio Tapajós, município de Aveiro, para cursar Ciências Econômicas em Santarém, oeste paraense. 

“Agora eu lembro de todas as dificuldades que tive quando vim da aldeia pra cá, passei por um processo de adaptação, não tinha familiares aqui. Hoje, receber o diploma é uma satisfação, um orgulho que consegui dar para o meu povo, meus familiares. Cumpri a expectativa que eles tinham de ver eu me formar, era um retorno muito esperado. É muito especial, muito gratificante”, ressaltou Fialho, que pretende ingressar em um programa de mestrado e procurar emprego na área de formação. 

A professora e orientadora do trabalho de conclusão de curso do estudante, Girlian Sousa, ressaltou que a graduação de David é carregada de simbolismo. "Principalmente nesse momento que vivemos, nessa reivindicação em busca de mais direitos, mais espaços, mais conquistas sociais para as comunidades tradicionais. O David traz a mensagem de que é possível. A despeito de todas as dificuldades, de todas as barreiras que esses estudantes encontram quando ingressam na universidade, é possível superar os obstáculos, é possível se graduar. Agora ele tem capacidade de apresentar projetos que podem fomentar a socioeconomia da própria comunidade, por exemplo”, avaliou a docente.

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A cerimônia de solenidade também contou com a participação de outros cinco estudantes egressos dos cursos de Ciências Econômicas, Direito e Antropologia. Segundo o professor e coordenador do curso de Antropologia, Florêncio Vaz de Almeida Filho, o grupo de alunos representa uma elite em consciência de cidadania e em respeito à diversidade. "Agora vocês vão promover essa política existencial fora daqui", concluiu. 

Foto: Reprodução/Ascom Ufopa

(Com informações da Ascom da Ufopa) 

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