O mês de novembro ainda nem terminou e já foram contabilizados 227 homicídios. Ou seja, no Pará 12,6 pessoas foram assassinadas por dia só nos primeiros 18 dias deste mês.
A informação foi obtida com exclusividade pelo DIÁRIO junto ao Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Pará (Sindpol/Pa). Os números deixam claro que a violência tem aumentado e encerrado a vida de muitas pessoas precocemente.
Segundo o relatório, essa é a maior média de assassinatos em um mês no ano todo, superando o mês de janeiro, quando 381 pessoas foram mortas, dando uma média de 12,29 assassinatos por dia.
O ápice das matanças generalizadas ocorreu na terça-feira, 4, após o homicídio do Cabo Antônio Marco da Silva Figueiredo, mais conhecido como cabo “Pet’’. O militar foi morto a tiros em uma emboscada no bairro do Guamá, em Belém.
Depois disso, nove homicídios foram desencadeados no mesmo dia e seguiram pela madrugada do dia seguinte.
Informações extraoficiais especulam que as matanças foram motivadas por um grupo de extermínio militar inconformado com o homicídio do cabo.
Entretanto, vale lembrar que bem antes da chacina, outros já entravam para as estatísticas do Sindpol. Dois dias antes do auge da onda de violência em novembro, o DIÁRIO POLÍCIA noticiou a morte de 23 pessoas num final de semana.
No último final de semana de outubro, o jornal trouxe à tona a morte 39 mortes pessoas em menos de dois dias.
Os crimes, em geral, são motivados por “dívidas não pagas” no tráfico de drogas e brigas. Na madrugada do sábado, 1, o usuário de entorpecentes Gabriel Christian Rabelo Ramos foi encontrado morto com vários tiros na Rua das Begônias, em Outeiro. Minutos depois, distante dali, dentro de um bar, na SN 3 da Cidade Nova 4, em Ananindeua, um adolescente de 17 anos levou tiros na cabeça e no braço quando tentava apartar uma briga.
A maior parte dos assassinatos ocorre na Região Metropolitana de Belém. Mas os municípios do interior passaram a ganhar destaque nas páginas policiais. Um exemplo foi a morte de Marcelo Damascena Peniche, no município de Paragominas, às margens da Rodovia Belém/ Brasília.
Segundo familiares, quando Marcelo se encontrava com o desafeto de prenome “Renildo’’ era confusão na certa. A família disse o rapaz sofria constantemente ameaças de morte.
RESPONSÁVEIS
Mesmo com as especulações de que polícia esteja envolvida diretamente nos assassinatos de terça-feira, 4, o presidente do Sindpol, Rubens Teixeira, esclarece a importância de uma investigação para encontrar os autores dos crimes.
“Eu diria que é prematuro para falar qualquer coisa sobre isso. Que existe um bando real matando pessoas, existe. Cabe a Polícia Civil investigar as mortes. A ótica do Sindpol é que se investigue para depois prestar esclarecimentos’’.
Para ele, a falta de investimentos na educação acarreta a violência no Estado.
“A política de segurança pública foi inadequada levando em conta esse quatro anos. Existe a política de questão social familiar, que o governo foi omisso. Existem famílias desestruturadas na periferia. Se o Governo do Estado se preocupasse com creche em tempo integral, escolas profissionalizantes em tempo integral, com certeza teríamos um baixo índice de criminalidade no futuro’’, frisa.
(Diário do Pará)