Um dia após o assassinato  do empresário  Cleiton Cavalcante,  36 anos,  dentro do residencial onde morava,  na Travessa Municipalidade, no  bairro do Umarizal, os moradores  do local ainda se mostravam surpresos  com o que tinha acontecido  e, ao mesmo tempo, preocupados  com a violência que tomou conta de  Belém. Curiosamente, próximo ao residencial Olimpus funciona uma  base móvel da Polícia Militar, além  de três pontos onde ficam estacionadas  estrategicamente viaturas da  ronda interativa. O Comando da Guarda Municipal fica de fundos  para o condomínio, mas nem isso  inibiu a ação dos acusados que já  estavam sendo perseguidos por policiais,  após terem cometido um assalto  naquela área. Medidas estão sendo tomadas para melhorar a segurança no condomínio, porém a  preocupação da comunidade agora  é com a insegurança na área externa,  uma vez que as vias próximas  aos prédios são rotas de fuga para  bandidos. 

“Nós vamos aumentar os muros do condomínio e reformar a guarita de entrada. Mas isso não é o suficiente. Ao lado do condomínio tem um terreno abandonado que serve de esconderijo para bandidos e local de uso de drogas. Os assaltos  são constantes nessa área”, frisou o  síndico Paulo Carvalho, que não escondia  a preocupação com a segurança  dos 2.500 moradores do residencial. 

Paulo ressaltou que os próprios  moradores do condomínio solicitaram  a implantação de uma base  móvel da polícia próximo ao residencial.  Eles fizeram uma espécie  de estudo sobre a violência ao redor  do conjunto. “Da Soares Carneiro  até a Djalma Dutra são vários os relatos  de assalto, tanto de dia quanto  a noite. Os estudantes e funcionários  da Uepa (Universidade do Estado  do Pará) são as principais vítimas.  A rua Manoel Evaristo é rota  de fuga de assaltante”, informou. 

“Nós temos o contato direto da  base móvel. Sempre que precisamos também ligamos para os interativos.  Aqui próximo ficam três viaturas, uma delas na Praça Brasil”, relata o síndico. 

No último sábado, 3, um dia  após o crime que ceifou a vida do  empresário, toda pessoa que entrava  no residencial era observada  com olhares de desconfiança. Sim,  o dia a dia naquele local não era o  mesmo. Da via principal de acesso  aos setes prédios que compõem o  conjunto, é possível perceber que  a maioria dos apartamentos possuem  grades até nas sacadas – muitas  colocadas por questões de segurança  doméstica, como, por exemplo,  evitar que crianças caiam das sacadas.  No entanto, após o episódio  que resultou na morte do morador  as grades ganharam novo significado. 

O morador Carlos Fernandes, morador do residencial há 30 anos,  ainda estava impressionado com a  cena que tinha visto na tarde anterior.  “Foi tudo muito rápido”, lembrava.  “A gente escutou o barulho  da batida de carro e pensamos que  se tratava de um acidente de trânsito  e de repente ouvimos os disparos.  Quando saí o rapaz (Cleiton) já estava caído no chão”, contou. 

Questionado se temia pela segurança dentro de casa, ele ressaltou  que a violência é um dos maiores  problemas que a população de  Belém enfrenta e que já atinge a  todas as classes sociais. “Não está  mais só na periferia, a violência está  no centro e em todo canto. Por mais cuidados que a gente possa tomar está cada vez mais difícil não sermos vítimas dela”, colocou Carlos.  Nas ruas ao redor do residencial,  poucas pessoas se sentem à vontade  para falar sobre a falta de segurança  naquela área. Alguns comerciantes  aceitam falar sem ser  identificados. “Aqui se a gente falar  muito fica visado. Os caras assaltam na maior cara de pau. Não importa se é dia ou noite”, disse o proprietário  de um depósito. 

Os acusados Edivaldo Rabelo  Lima, 34, e Jefferson Bento da  Costa, 20, ainda continuavam presos  e devem responder por latrocínio.  

(Diário do Pará)

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