O corpo da universitária Ingred Israel, assassinada com pelo menos 20 facadas na segunda-feira (20), dentro da casa onde morava, na Cidade Nova 5, Ananindeua, região metropolitana de Belém, em Belém, foi sepultado na manhã de ontem no município de Óbidos, no oeste do Pará. O velório começou na terça-feira, 21, instantes após o corpo chegar à cidade onde ela nasceu. Dezenas de familiares e amigos da estudante de 28 anos, que cursava Nutrição na Universidade Federal do Pará (UFPA), compareceram ao ato de despedida. Eles manifestaram muita emoção e revolta em relação ao crime e pela forma como a jovem foi assassinada. 

O crime que vitimou Ingred foi o primeiro caso, no Pará, enquadrado na Lei de Feminicídio, segundo informações da Polícia Civil. A nova Lei entrou em vigor no Brasil, em março desse ano, e é configurado quando a mulher é assassinada por questões de gênero. O réu confesso do crime, Antônio Eduardo Souza Nascimento, de 21 anos, foi autuado nessa Lei, que classifica o crime como hediondo. Além disso, Antônio contou detalhes sobre o crime.

A presidente Dilma Rousseff garantiu que, com a aprovação, o crime passa a ter penas mais duras e que a medida faz parte da política de tolerância zero em relação à violência contra a mulher brasileira. Entre 2000 e 2010, cerca de 43,7 mil mulheres foram mortas no Brasil, vítimas de homicídio. Mais de 40% delas foram assassinadas dentro de suas casas, muitas pelos companheiros ou ex-companheiros.

HOMENAGEM

“Comunicativa, esforçada e de bem com a vida” foram apenas três das inúmeras qualidades descritas pelos amigos e colegas de turma da estudante, do 8º semestre de Nutrição pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Ingred Kassia Israel. Com camisas e balões brancos, amigos de turma, professores e alunos de outros cursos e outras universidades que conheciam a estudante, participaram de uma caminhada, durante a tarde de ontem, dentro do campus da UFPA, em homenagem a Ingred. O ato seguiu do portão três até a entrada da faculdade de nutrição, onde foi realizado um culto ecumênico em memória da jovem. A direção do curso decretou três dias de luto pela perda da aluna considerada exemplar. 

“Há dois anos fui professor de Ingred, e mesmo longe da família que mora em Óbidos, e com toda sua dificuldade física, era uma aluna esforçada, de ótimo convívio e com uma autoestima elevada”, descreveu Antônio Castro, diretor do curso.

(Diário do Pará)

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