A feira do bairro Tenoné, no distrito de Icoaraci, em Belém, é bastante movimentada, reúne diversos ramos do comércio e conecta muita gente do bairro e proximidades. Funciona todos os dias, movimenta a economia local e ali pode se encontrar desde barbearias a oficinas, frutarias, açougues e lojas de roupas - de tudo um pouco. Apesar do potencial financeiro e a importância para aquela área, o espaço, que fica nas ruas 5ª Linha e 6ª Linha, também concentra diversos crimes diariamente.

No domingo (3), em plena luz do dia, a feirante Michelle Corrêa Assunção, de 27 anos, foi assassinada a tiros em frente a sua frutaria, na 6ª Linha. Menos de um mês antes, dia 8 de agosto, um empresário, que tinha deficiência física, e um adolescente que trabalhava como seu funcionário, também foram mortos a tiros, na 5ª Linha. 

Diante desse panorama, quem trabalha ou consome na feira vive sob intenso medo. Ali, impera a “lei do silêncio”. Apesar de estar com muita circulação de pessoas na hora da morte de domingo, por volta das 11h, todos dizem que não viram nada. Um feirante, que trabalha próximo ao local onde ocorreu o homicídio, conta que Michelle abriu o negócio há pouco tempo, cerca de três meses, e não havia tido tempo nem de pintar o espaço - antes, ali funcionava uma loja de material de construção, o que ainda está escrito nas paredes.

Fachada da frutaria em que a proprietária, Michelle Assunção, de 27 anos, foi morta no domingo. (Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)

O feirante não quis se identificar, com medo de sofrer ameaças, mas contou que não há nenhum tipo de segurança no local. “Acontece muita coisa aqui e a gente não pode nem abrir a boca porque depois pode sobrar para a gente. Já teve um senhor que foi falar para a Polícia, mas sofreu tanta ameaça que teve de se mudar para bem longe, deixando tudo para trás”, disse.

Outro feirante também relata que o crime virou rotina. “É assalto, assassinato, a gente só pode confiar em Deus mesmo”, acredita. Uma senhora, que tem uma loja de roupas na mesma rua, iniciou seu estabelecimento há apenas um mês, mas já decidiu sair dali. “Está horrível, a qualquer momento podem vir atrás da gente, querer roubar, matar. Não tem condições, vou ficar sem trabalho, mas aqui não volto”, declarou, no entanto também não quis se identificar. 

(Alice Martins Morais/Diário do Pará)

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