O casal norte-americano Adam Harteau, 39, e Emily Harteau, 37, viajou ontem para Brasília (DF), após prestar depoimento à Polícia Civil, em Belém. Eles e os filhos foram resgatados por ribeirinhos depois de passarem 3 dias desaparecidos na mata, no distrito de Cumuru, em Breves, na Ilha do Marajó. A família viajava de Belém para Macapá (AP), em uma balsa que foi alvo de piratas na região da ocorrência. O depoimento do casal durou mais de 4 horas e foi acompanhado por um agente do FBI (sigla em inglês de Federal Bureau of Investigation, polícia dos Estados Unidos) e representantes da embaixada americana. De Brasília, a família Harteau viajará de volta para o país de origem.

Durante o depoimento eles descreveram a ação dos piratas como truculenta, embora não tenham sofrido violência física. “A agressão foi psicológica, porque eles sofreram ameaças o tempo todo”, destacou a delegada da PC, Vanessa Macedo, que preside as investigações. 

O CRIME

De acordo com a Polícia Civil, o grupo criminoso era formado por 7 pessoas, entre eles uma mulher. Todos estavam armados. Os piratas invadiram a embarcação por volta das 15h30 de domingo (29). Os norte-americanos foram colocados no camarote e lá permaneceram até 1 hora da manhã de segunda-feira (30). “Eles fugiram na incerteza se os bandidos voltariam ou não, pois o grupo deixava a balsa para descarregar os materiais roubados e depois voltava para pegar o restante”, prosseguiu a delegada Vanessa Macedo.

“Quando a balsa parou próximo ao porto Dias, que fica no distrito de Cumuru, eles deixaram a embarcação”, explicou Vanessa. A família usou uma prancha de surf para se locomover pelo rio e, ainda segundo a delegada, ficou tão assustada que sentiu medo até da população ribeirinha que avistou. “Só se mostraram quando tiveram certeza de que eram policiais procurando por eles”, frisou.

Durante o tempo em que ficaram escondidos na mata, os norte-americanos se alimentaram de frutas, insetos e beberam água do rio. Quando localizados, foram encaminhados para o Hospital Regional de Breves, onde passaram por avaliação médica. 

ALVO DE PIRATAS

A ocorrência envolvendo os piratas aconteceu na etapa final de uma viagem que certamente jamais será esquecida pelo casal norte-americano Adam e Emily Harteau. Desde 2012, junto com o casal de filhos, eles circulavam pela América do Sul em uma van. Macapá (AP) era o destino final da aventura continental. A viagem deles é acompanhada por 120 mil seguidores que eles têm nas redes sociais. Quando deixavam o Pará, por rios, foram surpreendidos pela violência crescente do estado. Não foi esclarecido quando o casal chegou ao Pará, nem quantos dias passaram na região.

Delegada: ‘É um grupo de piratas conhecido na região’

Segundo a delegada Vanessa Macedo, Adam e Emily Harteau pediram sigilo em relação ao depoimento e as investigações. Eles reconheceram, por fotos, dois dos suspeitos de participação no assalto. “É um grupo de piratas conhecido da região e já foi pedida a prisão preventiva deles”, frisou a policial. Ninguém foi preso até o fim da tarde de ontem.

Para a delegada, o relato das vítimas será importante para nortear o trabalho da perícia que será feita na embarcação. Uma mochila e um notebook das vítimas já foram recuperados, segundo a Polícia Civil. A van que a família usava para viajar pelo mundo será resgatada por uma equipe da embaixada norte-americana que vai até Macapá, já que o veículo seguiu na balsa.

O casal deixou a delegacia geral, em Belém, por volta das 13h40, e não quis falar com a imprensa. Eles seguiram em um voo comercial para Brasília, onde irá tirar novos documentos e seguir de volta para os Estados Unidos, junto com o casal de filhos.

PARA ENTENDER

VIAGEM INTERROMPIDA POR PIRATAS

- A família norte americana viajava de balsa de Belém para Macapá (AP), dentro de uma van. 
- A embarcação foi assaltada por piratas próximo a Breves, no Marajó.
- A família fugiu e se escondeu na mata por 3 dias, comendo insetos e bebendo água do rio, até que foi resgatada. 
- As investigações seguirão sob sigilo, a partir de agora.

(Denilson D´Almeida/Diário do Pará)

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