Como se não bastasse a falta de limpeza urbana e poucos auxílios da Prefeitura de Belém, os feirantes e moradores do entorno da feira da Cremação enfrentam um problema ainda mais grave: a violência, cada vez mais sentida no cotidiano. Além de assaltos, população reclama dos homicídios frequentes e relatam que o clima é de medo, a qualquer hora do dia.

Na madrugada de quinta-feira, um homem foi encontrado morto por volta das 2h30 entre os carros que estavam estacionados na passagem União, ao lado da feira. Duas semanas antes, um jovem de 19 anos foi morto a tiros por suspeitos que estavam em um carro branco, na rua Fernando Guilhon com a travessa 3 de Maio, por volta das 15h30. Cerca de 20 dias atrás, um morador de rua foi assassinado por motoqueiros na passagem São Silvestre, na feira, no início da manhã.

O feirante David Alves, 35 anos, diz que a situação só foi piorando ao longo dos cinco anos em que trabalha ali. “A gente vê pouco policiamento e nós, que saímos de madrugada para vir para cá, ficamos com muito medo”, afirma. Waldecy Ramos, 56, tem um ponto comercial ao lado da feira há 20 anos e percebe que o movimento da feira caiu por conta da insegurança. “Mesmo se pensarmos em 10 anos atrás, mudou demais, era muito bom antes. Agora, acredito que falta um governante que tenha coragem de encarar a bandidagem”, aponta.

O pensionista Sebastião Veríssimo, 63, é nascido e criado bem em frente à feira e sente saudade do tempo em que não precisava ficar atrás das grades dentro de sua própria casa. “Não tem mais hora para assalto e até mesmo para assassinato por aqui. É o tempo todo. A gente tem de ficar preso dentro de casa, enquanto os bandidos estão soltos”, observa.

(Alice Martins Morais/Diário do Pará)

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