Por mais que as rondas da Polícia Militar tenham se intensificado no bairro do Atalaia, em Ananindeua, a comunidade ainda está longe de sentir-se segura depois do assassinato a tiros do investigador Cândido Felix Rodrigues Santana, de 69 anos, ocorrido no sábado, 1º de dezembro. O crime aconteceu praticamente na porta da delegacia do bairro, durante a noite, quando a vítima estava de plantão. 

De acordo com a Polícia Civil, as investigações estão sendo realizadas em caráter sigiloso e até ontem ninguém havia sido preso ou detido. A porta de vidro da unidade policial – que foi destruída a balas – ainda não foi trocada. Uma lâmina de compensado tem sido utilizada como porta. Apesar da atmosfera de suspense e total insegurança, os trabalhos na delegacia não estão suspensos. O espaço continua em funcionamento.

Do lado de fora, na rua, comerciantes e moradores já não abrem mão de manter as grades e cadeados trancados. É uma das medidas utilizadas para tentar se sentir menos desprotegidos. “Me mudei para cá faz pouco tempo. Vim acreditando que não seria tão perigoso e logo que me mudei praticamente vi um policial ser morto perto de casa”, comentou um estudante de 24 anos, que pediu para não ter o nome divulgado. “Eu vivo trancado e quando saio tenho medo. À noite, na volta da faculdade, eu praticamente corro para chegar mais rápido em casa”, reiterou.

(Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará)

DESCONFIANÇA

Veículos de cor preta e prata causam pânico entre os moradores. “Quando eles trafegam em baixa velocidade e vidros fechados por aqui eu sinto um frio na espinha. Já estamos desconfiados. Não sabemos quem será o próximo alvo”, ressaltou a dona de um depósito de bebidas no bairro. “Eu não devo nada, mas posso estar atendendo aqui que seja alvo dos bandidos e acabar sendo baleada”, preocupa-se, a mulher, que agora só atende os clientes pela grade, que foi reforçada.

À tarde, poucas pessoas se arriscam a ficar em frente de suas casas. Muitos moradores se recusaram até de conversar com a equipe de reportagem, mesmo tendo garantida a preservação de suas imagens e nomes. “Não sabemos se estamos sendo observados, senhor”, justificou uma senhora de aproximadamente 50 anos de idade, ao evitar aproximação com a equipe. “Tenho medo”, afirmou.

(Denilson D’Almeida/Diário do Pará)

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