Após cerca de três horas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) encerrou seu depoimento à Polícia Federal sobre o caso das joias recebidas de autoridades da Arábia Saudita em outubro de 2021.
Bolsonaro chegou à sede da PF em Brasília por volta das 14h20 desta quarta-feira (5) e foi ouvido por dois delegados da corporação.
Além dele, também prestou depoimento nesta quarta, mas em São Paulo, o seu então ajudante de ordens, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid.
Em Brasília, havia a expectativa de que apoiadores de Bolsonaro pudessem recebê-lo na sede da PF, o que não aconteceu. Apenas um homem com camisa do Brasil esteve em frente ao prédio durante a tarde.
Ele preferiu não dar entrevista à reportagem. mas disse que outras pessoas afirmaram, em grupos de aplicativos de mensagens, que viriam, e não sabe a razão de não o terem feito.
A oitiva de Bolsonaro foi conduzida por dois delegados: Adalto Machado, responsável pelo inquérito na PF em São Paulo, e outro da DIP (Diretoria de Inteligência Policial), setor que fica no prédio central da instituição, em Brasília.
Machado tem conduzido o caso desde a instauração do inquérito na Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da PF em São Paulo.
Além de Bolsonaro e Cid, outras pessoas serão ouvidas para avançar na apuração sobre as joias recebidas em outubro de 2021 pela comitiva liderada pelo então ministro Bento Albuquerque.
Um dos estojos de joias trazido pela equipe foi apreendido pela Receita Federal durante inspeção no aeroporto de Guarulhos, por isso a apuração fica em São Paulo.
Um militar que assessorava o então ministro de Minas e Energia tentou entrar no país com artigos de luxo na mochila. Como não tinham sido declarados, os bens foram apreendidos pela Receita Federal o caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o ex-mandatário chegou a discutir o assunto com o então chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes em dezembro passado.
Um segundo pacote, que inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos também da marca suíça de diamantes Chopard e depois entregues a Bolsonaro, não foi interceptado pela Receita, como mostrou a Folha de S.Paulo.
Um recibo oficial registrou a entrega desse segundo conjunto à Presidência em novembro de 2022, para compor o acervo pessoal do ex-presidente.
O ex-ministro relatou em depoimento que o segundo estojo entrou com ele no país antes de ser entregue à Presidência.
Na terça-feira (4), a defesa de Bolsonaro entregou em uma agência da Caixa Econômica Federal um terceiro kit de joias recebido da Arábia Saudita, este entregue em uma viagem anterior. A providência atendeu a uma determinação do TCU (Tribunal de Contas da União).
Composto por um relógio da marca Rolex, abotoaduras, um anel em ouro branco, uma caneta da marca Chopard e um tipo de rosário, esse estojo foi dado a Bolsonaro quando visitou a Arábia Saudita em outubro de 2019. O pacote passou a compor seu acervo privado no mês seguinte, como mostrou a Folha de S.Paulo.
Em um primeiro momento, Bolsonaro disse não ter pedido nem recebido qualquer tipo de presente em joias do governo da Arábia Saudita.
Na quinta-feira (30), ao retornar para o Brasil após 89 dias nos Estados Unidos, Bolsonaro confirmou ter recebido as joias e atrelou o presente a relação de amizade que construi com o governo da Arábia Saudita.
Ele também confirmou que parte dos presentes era para a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a tentativa no final do mandato para reaver as joias em Guarulhos.
"Entregamos ali o primeiro conjunto que chegou na Presidência. Cadastrei. E, tentando recuperar o outro conjunto da Michelle, foi via ofício, não foi na mão grande. Não sei por que essa onda toda. Se estão achando isso como algo que eu fiz errado eu fico até feliz, não tem do que me acusar", afirmou.
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