Quem foi à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, acompanhar o desfile do 7 de Setembro nesta quinta-feira encontrou uma festa menor, com esquema reforçado de segurança, e um clima menos politizado.
Diferentemente dos anos de Jair Bolsonaro (PL), o verde e amarelo e, em especial, a camisa da seleção brasileira de futebol não foram predominantes.
Não houve, por parte do público, efusivas demonstrações políticas, embora houvesse grupos menores vestindo o vermelho, a cor do PT (Partido dos Trabalhadores). A presença majoritária no evento foi de famílias, e o auge da atenção veio com a apresentação da esquadrilha da fumaça e a passagem do Zé Gotinha pelo desfile.
O retorno a um evento mais protocolar marcou a primeira comemoração à Independência do Brasil após o governo Bolsonaro, quando a data fora usada para discursos e manifestações de cunho golpistas.
Na festa petista, um panfleto distribuído celebrava a suposta atuação das Forças Armadas na defesa da Constituição. O livrinho trazia o slogan do evento, "Democracia, Soberania e União", e descrevia os eixos elaborados pelo governo Lula (PT).
Na primeira página, dizia que esses temas "celebram a atuação das Forças Armadas na defesa da Constituição de 1988". Também foram distribuídas bandeiras do Brasil e bonés sobre a comemoração da Independência.
A organização dos acessos e barreiras na Esplanada moldaram o que seria o evento. As arquibancadas estiveram todas lotadas desde o início da manhã, mas o gramado da Esplanada não teve o acesso liberado ao público para acompanhar a festividade, como ocorreu nos desfiles do 7 de Setembro sob Bolsonaro. No local, havia uma exposição das Forças Armadas.
Policiais militares revistavam as pessoas em todos os pontos de acesso próximos da via onde ocorreu o desfile. Tapumes isolaram a parte mais próxima do desfile, segregando o público às áreas das arquibancadas.
Assim, quem estava no gramado nem sequer conseguia ver o desfile por causa do tapume e a área das arquibancadas tinha com acesso controlado. Muitos reclamaram do esquema, e alguns pais erguiam seus filhos para que conseguissem ver o desfile por sobre os tapumes.
A dona de casa Karine Lemos, 44, trouxe a filha de 4 anos, para seu primeiro desfile. "É triste esse monte de grades, claro que tem a questão de segurança, mas é não é por aí. Precisa confiar nas pessoas, confiar no âmago da população. Muita grade parece que a gente é animal. Ainda mais no 7 de setembro, quando devia haver confiança no brasileiro", disse.
Liderança indígena da região do Vale do Javari, Beto Marubo levou o filho Shanko, 4, para acompanhar o desfile em Brasília. Ele disse que voltou a acompanhar celebrações cívicas após o governo Bolsonaro, por se sentir "incluído". "Em outros anos eu não me sentia seguro, não me sentia à vontade. Era como se tivesse um dono, do governo Bolsonaro. Dessa vez me sinto incluído", afirmou.
Depois do desfile, parte do público visitou a exposição das Forças Armadas. Havia objetos militares disponíveis e até uma área de simulação de detecção de explosivos no solo, entre outros atrativos. Algumas crianças subiram em tanques e carros e pegaram nas armas acopladas aos automóveis.
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