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MEMÓRIA

UFMG é a 1ª universidade brasileira a ter um acervo LGBT+

O resgate dos documentos é uma homenagem a "Cintura fina", uma importante figura LGBT+ na história de Belo Horizonte.

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Imagem ilustrativa da notícia UFMG é a 1ª universidade brasileira a ter um acervo LGBT+ camera O acervo está disponível na biblioteca da faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. | (Reprodução)

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) marca um momento importante na história do Ensino Superior Brasileiro ao aprovar, no início de julho, a institucionalização do acervo LGBT+ do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT+ (NUH), sediado na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). Com isso, ela se torna a primeira instituição pública do país a abrigar um acervo dedicado à história e produções culturais da comunidade LGBT+.

Nomeado como "Acervo LGBT+ Cintura Fina", é possível encontra-lo em uma sala especial dentro da biblioteca da Fafich, trazendo consigo uma vasta coleção de documentos, cartas, fotos, recortes de revistas, jornais e outras mídias doadas por pesquisadores. O principal objetivo é resgatar, registrar, difundir e preservar o patrimônio relacionado às práticas, memórias e produções culturais da comunidade LGBT+, bem como lugares, imagens e documentos históricos. O acervo também inclui histórias de figuras proeminentes LGBT+ que marcaram tanto o cenário de Minas gerais quanto nacional.

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Segundo o professor Marco Aurélio Prado, coordenador do NUH, a oficialização desse acervo é um avanço significativo para a democracia no Brasil, pois representa o reconhecimento institucional da sociabilidade LGBT+. "É também um passo importante para o fortalecimento da democracia brasileira, porque o acervo traz visibilidade a trajetórias que nunca foram percebidas como parte da história da nossa sociedade", ressalta Prado.

O "Acervo LGBT+ Cintura Fina", que estará disponível para consulta a partir de novembro, abre caminho para um universo de pesquisas e reflexões sobre a história da comunidade LGBT+. Ainda de acordo com Prado, essa iniciativa permite que, por meio do exame do passado, a sociedade compreenda melhor o presente e, ao mesmo tempo, construa perspectivas para o futuro. Além disso, os documentos serão uma fonte valiosa para subsidiar pesquisas acadêmicas e a composição de exposições.

A homenagem a Cintura Fina, figura dissidente sexual e icônica em Belo Horizonte, dá nome ao acervo e é uma maneira de ressaltar a importância de figuras queer na história da cidade. "Mais do que uma homenagem, essa escolha também representa a busca pela reafirmação da importância dessa pessoa e das experiências queer, até hoje criminalizadas, patologizadas e incompreendidas pela sociedade", afirma o professor Marco Prado.

Luiz Morando, especialista em memória LGBT e autor da biografia "Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte", doou sua coleção pessoal ao projeto, consolidando parte do acervo dedicado a Cintura Fina. Através de entrevista concedida à Rádio UFMG Educativa, Morando destacou a importância de preservar memórias e experiências de vida da comunidade LGBT+. "Buscar essa preservação ativamente é importante porque muitos registros estão se perdendo. Há pessoas que já faleceram e não temos mais acesso ao que essas pessoas construíram durante sua vida", ressalta Morando.

O acervo também conta com todas as edições da coluna assinada pelo artista plástico gay Sávio Reale, publicadas na Página GLS do jornal O Tempo, de 1996 a 2006, bem como textos da página GLS do caderno de cultura de O Tempo, que circulou de 23 de novembro de 1996 a 24 de fevereiro de 2012. Além disso, exemplares da extinta revista G Magazine, conhecida por seu conteúdo de nudez masculina e reportagens voltadas ao público gay, também integram o acervo.

A bibliotecária Vilma Carvalho de Souza, coordenadora da biblioteca da Fafich, desempenhou um papel fundamental na concretização desse projeto. "Além de ser uma funcionária exemplar, a Vilma foi uma batalhadora pelo acervo. Como coordenadora da biblioteca da Fafich, ela abraçou o projeto desde o início, conseguindo a sala especial que hoje recebe o acervo agora institucionalizado pela Universidade", enfatiza o professor Prado.

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