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Filho reencontra a mãe no Pará após 30 anos sem contato

Dona Gentileza e o filho embarcaram para o Rio de Janeiro nesta terça (21). Vem ver a história

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Imagem ilustrativa da notícia Filho
reencontra a mãe no Pará após 30 anos sem contato camera Felipe e dona Gentileza: reencontro e final feliz | Acervo Pessoal

Felipe Ferreira, 38, reencontrou a mãe, Célia Regina Pitta dos Santos, 61, após mais de 30 anos. O contato entre mãe e filho foi desfeito ainda na infância de Felipe, depois da mulher desaparecer enquanto morava com a família em Brasília. Agora, vivendo em Santarém, oeste paraense, a idosa tem uma nova vida e vive sob o apelido de "Dona Gentileza",

Ela ganhou este nome por sua simpatia e educação, conhecidas entre os habitantes da cidade, que destacavam o seu uso constante do "por gentileza" e sua habilidade de traduzir palavras para pessoas estrangeiras que visitavam o município turístico. Antes de chegar a Santarém, a idosa vivia nas ruas de Alter do Chão, também no Pará. Ela foi resgatada por uma casa de repouso.

Felipe, que trabalha como orçamentista em uma concessionária de automóveis, conta que teve ajuda do cunhado, casado com sua irmã, para reencontrar a mãe através de uma reportagem de um veículo paraense.

"Com mais ou menos nove anos, eu perdi o contato com a minha mãe. Eu morava no Rio de Janeiro, no bairro do Campo Grande -eu, meu pai e minha irmã, que é filha de outro pai. Depois que eu nasci, minha mãe tomou remédio para emagrecer em excesso, e isso 'atacou os nervos dela'", detalhou Felipe em entrevista à reportagem, destacando que os problemas da família ainda continuaram.

Depois de perder o contato com a mãe, o rapaz passou por inúmeras dificuldades, dependendo de outros parentes para sobreviver. "Meu pai foi assassinado quando eu tinha mais ou menos três anos, e com essa situação toda eu fui morar com a minha avó, quando eu era muito pequeno", conta. Eles foram morar em Brasília, onde acabou perdendo a avó. As dificuldades se acumularam, e ele teve que crescer com a ajuda de vizinhos.

"Morando sozinho eu já dormi na rua, já dormi em oficina dentro de carro. Os vizinhos que sabiam um pouco da minha história me ajudavam, me oferecendo a limpeza de uma calçada, de um carro. Eu nunca pedi dinheiro, sempre preferi almoçar, tomar café da manhã. Eu já passei uma semana para ter um alimento, só bebendo água."

Foi por acaso que uma de suas vizinhas encontrou um número de telefone de um primo de Felipe, que acabou o levando de volta ao Rio de Janeiro, onde ele construiu família -foi casado duas vezes e teve duas filhas, hoje com 10 e 3 anos.

"E nesse tempo todo, já adulto, eu sempre procurei minha mãe, mas nunca tive uma resposta", afirma. O carioca chegou até mesmo a procurar parentes por parte de pai nas redes sociais, também sem sucesso.

Até que seu cunhado teve uma ideia: fazer uma busca pelo nome de solteira de Dona Gentileza, Célia Regina. "Aí apareceu uma reportagem de um site local de Santarém. Estava o nome completo dela de solteiro. Quando ele localizou a identidade, ficamos desesperados para descobrir se era verdade, se ela realmente estava viva", destaca.

No dia seguinte, pela manhã, Felipe e a irmã conseguiram contato com o repórter responsável pela nota, do site OESTADONET, que entrou em contato com a assistente social da região. Foi então que, pela primeira vez em quase 30 anos, os dois puderam voltar a vê-la pela primeira vez, por videochamada.

Nas semanas seguintes, a família se movimentou para retirar Dona Gentileza da casa de repouso e levá-la para perto dos filhos. Ela e Felipe embarcaram nesta terça-feira (21) em Santarém, com destino ao Rio de Janeiro.

"Mesmo com dificuldades, eu estou levando ela para o Rio, porque a empresa em que eu trabalho pagou as passagens para eu buscar ela, ida e volta, meu cunhado também me ajudou um pouco, e o que passei no cartão de crédito vou pagando", destaca.

"No meio dessa história toda, quando eu e minha irmã voltamos para o Rio pela primeira vez, meu tio, irmão da minha mãe, também desapareceu em Brasília. Eu não tenho notícias dele e não tive condições para correr atrás e voltar em Brasília, nem mesmo pra agradecer às pessoas que me ajudaram. Eu fiz muitos planos para ir em 2022, mas pelo visto não vou conseguir, pela situação da minha mãe, porque ela se tornou uma prioridade. Vou fazer o possível e o impossível para cuidar dela. Porque eu não tinha lembrança nenhuma da minha mãe, foi como se eu tivesse nascido naquele dia", concluiu.

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