Junho está terminando e, além das tradicionais festas do período, também é conhecido como o “mês dos namorados”, em especial a partir do dia 12. Fala-se de amor, paixão, sexo, companheirismo, mas muitas vezes deixa-se de lado que relacionamento é uma construção. Por isso, independentemente da época do ano, é fundamental conhecer o que é um relacionamento saudável e como reconhecer, corrigir, evitar ou mesmo encerrar relacionamentos tóxicos e abusivos.
Todos estes tipos de relacionamento estão em nosso cotidiano. Senão em nossa vida, na de amigos, familiares, colegas de trabalho. Relacionamentos tóxicos e abusivos são realidades preocupantes que afetam a vida de muitas pessoas e quem está ao seu redor. Caracterizados por comportamentos prejudiciais, como controle, manipulação, violência física ou emocional, eles podem deixar cicatrizes profundas nas vítimas. Por isso, é fundamental reconhecer os sinais e buscar ajuda para interromper esse perigoso ciclo.
Para a psicóloga Amandda Albuquerque, de Belém, “tomar consciência de um relacionamento tóxico ou abusivo é o ponto de partida para iniciar o processo de restauração do equilíbrio emocional e psicológico. Ao nos tornarmos cientes desses comportamentos, somos capazes de compreender o impacto que têm em nossa saúde mental. É imprescindível estar atento aos sinais mais sutis, frequentemente mascarados como um excesso de ‘preocupação’ ou ‘afeto’ por parte do agressor. Na psicologia, entendemos a importância de romper os ciclos de abuso. Com frequência, pessoas envolvidas em relacionamentos tóxicos ou abusivos tendem a repetir esses padrões em futuras interações, independentemente de serem amorosas ou não, a menos que ocorra uma mudança. Reconhecer a dinâmica de um relacionamento abusivo nos capacita a romper esse ciclo e adotar uma abordagem mais saudável e construtiva em nossas relações”, explica.
Ainda de acordo com Amandda, que atende jovens, adultos, casais e público LGBTQIA+, “contar com o apoio e acolhimento de uma rede de suporte é de extrema importância, bem como buscar a ajuda de profissionais psicólogos especializados nesse contexto. Eles contém um papel fundamental nesse processo, auxiliando, acolhendo e fortalecendo o bem-estar emocional”, sintetiza.
Tipos de relacionamentos
Em geral, os relacionamentos podem ser divididos do seguinte modo:
1) Relacionamento saudável
É caracterizado por respeito mútuo, comunicação aberta e honesta, apoio emocional, confiança, igualdade e crescimento conjunto. Nele, ambos os parceiros se sentem valorizados, ouvidos e compreendidos. Há espaço para individualidade, bem como para a construção de uma vida compartilhada. As decisões são tomadas de forma conjunta, levando em consideração as necessidades e desejos de ambos. Ambos os parceiros se sentem seguros e livres para expressar suas opiniões, sentimentos e aspirações. Um relacionamento saudável promove o bem-estar e o crescimento pessoal de cada indivíduo, mas também do casal.
2) Relacionamentos Tóxico
Reúne padrões de comportamento negativos e prejudiciais que podem causar danos emocionais, psicológicos ou físicos a um ou ambos os parceiros. Isso pode incluir abuso emocional, manipulação, falta de respeito, desigualdade, ciúmes excessivos, controle excessivo, críticas constantes, isolamento social, falta de comunicação saudável e falta de apoio mútuo. Em um relacionamento tóxico, um ou ambos os parceiros podem se sentir constantemente maltratados, subjugados, diminuídos ou inseguros. Vítimas de relacionamentos tóxicos podem desenvolver baixa autoestima, ansiedade, depressão e até mesmo transtorno de estresse pós-traumático. É importante reconhecer os sinais de um relacionamento tóxico e buscar ajuda para proteger a individualidade e o bem-estar pessoal.
3) Relacionamento abusivo
Um relacionamento abusivo é uma forma extrema de relacionamento tóxico, caracterizado por abuso físico, emocional ou sexual. Pode envolver comportamentos violentos, coerção sexual, agressão física, humilhação pública, ameaças, isolamento, controle total e manipulação. Em um relacionamento abusivo, em geral, um dos parceiros exerce poder e controle sobre o outro, causando danos físicos, emocionais e psicológicos graves. A baixa auto-estima, síndrome do pânico e ansiedade não raras nas pessoas que sofrem com estes relacionamentos, pois elas estão constantemente no limite, antecipando o próximo incidente abusivo. A depressão também é recorrente, pois as pessoas muitas vezes se sentem presas e desamparadas em sua situação.
Diante destas classificações, que são gerais, mesmo que relacionamentos sejam únicos e sempre possuam características próprias, é fundamental, ao se notar e entender algumas destas tristes características, buscar ajuda profissional, serviços de apoio a vítimas de violência e considerar a saída do relacionamento para garantir a segurança e o bem-estar.
Apoio psicológico é fundamental!
O acompanhamento terapêutico é importante para toda e qualquer pessoa, em especial as que sofrem com relacionamentos tóxicos e abusivos. A terapia, diálogo e, talvez medicação sugerida por psiquiatras, podem ajudar as pessoas a processarem suas experiências, superarem os traumas, aumentarem sua auto-estima e recuperarem seu senso de valor próprio.
De acordo com Amandda Albuquerque, “a psicoterapia desempenha um papel fundamental no apoio às pessoas envolvidas em relacionamentos abusivos ou tóxicos. Durante esse processo terapêutico colaborativo, é proporcionado um ambiente seguro para expressar emoções, compreender padrões prejudiciais e explorar maneiras saudáveis de se relacionar. Além disso, a terapia auxilia na reconstrução da autoconfiança, fortalecendo o bem-estar emocional, fomentando a autenticidade, auxiliando na superação de traumas e ajudando na identificação de limites saudáveis dentro de um relacionamento”, enfatiza a profissional, que atende presencialmente e de modo online.
Deste modo, a atuação da psicóloga e demais profissionais que atuam colaborando para maior saúde mental de pacientes e clientes, é essencial atualmente, afinal relacionamentos tóxicos e abusivos podem alcançar qualquer pessoa, independente de idade, gênero, orientação sexual ou classe social. Os desafios ainda são amplos, mas partem do (re)conhecimento de si e do suporte emocional, ajudando na (re)reconstrução de diversas vidas.
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