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Bullying e saúde mental: qual a relação?

Esse tipo de violência é mais comum nas escolas, mas, também, pode acontecer em outros lugares, afetando crianças e adultos, podendo ter consequências graves na saúde mental.

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Imagem ilustrativa da notícia Bullying e saúde mental: qual a relação? camera O bullying pode ter consequências graves na saúde mental. | Reprodução

O bullying é um comportamento repetitivo e agressivo, geralmente praticado por uma pessoa ou grupo com mais poder, seja físico, social ou emocional, contra alguém que tem dificuldade em se defender. Esse comportamento pode assumir diversas formas, como insultos, apelidos depreciativos, exclusão social, agressões físicas ou verbais, ameaças, entre outros. Dados recentes da UNESCO mostram que quase um terço dos adolescentes em todo o mundo já sofreu com o bullying.

O bullying pode ter consequências graves na saúde mental tanto das vítimas quanto dos agressores. As vítimas podem desenvolver problemas como depressão, ansiedade, baixa autoestima e ideações e tentativas suicidas. Já os agressores podem apresentar comportamento agressivo, dificuldades de relacionamento e também problemas emocionais. Os agressores muitas vezes já foram vítimas, vivem em ambiente sem limites e sem empatia, por não saberem lidar com suas emoções, devolvem suas angústias e traumas em forma de dor ao próximo.

Jully Reis, fundadora de uma clínica de reabilitação, explica sobre as consequências mentais do bullying. “Antes de explorar o impacto psicológico, é crucial compreender as diferentes formas de bullying que ocorrem nas instituições educacionais. O bullying pode assumir a forma de assédio moral, exclusão social, discriminação, agressões físicas e verbais. Essas manifestações prejudiciais podem ocorrer presencialmente ou virtualmente, ampliando o alcance e a intensidade do impacto. Numerosos estudos indicam uma ligação inequívoca entre o bullying e problemas de saúde mental. Vítimas de bullying frequentemente enfrentam níveis elevados de estresse, ansiedade e depressão”.

Existem diferentes tipos de bullying: verbal (insultos, provocações, apelidos pejorativos, comentários depreciativos e ameaças feitas verbalmente), físico (agressões físicas diretas, como socos, chutes, empurrões, beliscões e qualquer outra forma de violência física), social ou relacional (ocorre quando o agressor tenta prejudicar a reputação ou as relações sociais da vítima, espalhando boatos, excluindo-a de grupos ou atividades e ignorando-a deliberadamente) e psicológico ou emocional (consiste em atitudes que causam danos emocionais à vítima, como intimidar, ameaçar, humilhar, manipular ou fazer chantagem emocional).

“É crucial combater o bullying por meio da conscientização, da promoção de uma cultura de respeito e empatia, do estabelecimento de políticas e medidas preventivas nas instituições e do apoio às vítimas para que se sintam seguras e apoiadas ao relatar o comportamento agressivo. Aqui na clínica temos muitos pacientes adolescentes e adultos que são vítimas dessas práticas e por não terem recebido ajuda adequada, desenvolveram depressão, dependência química, transtorno de ansiedade, e diversas tentativas de suicídio por não saberem lidar com as dores ocasionadas por anos de opressão e humilhação que o bullying causa em suas vítimas”, ressalta Jully.

As vítimas de bullying têm maior probabilidade de enfrentar desafios emocionais e mentais na idade adulta. “A ansiedade social e a dificuldade em estabelecer relações interpessoais saudáveis são algumas das consequências duradouras do bullying. Os traumas psicológicos podem perdurar por anos, interferindo no desenvolvimento emocional e social dos indivíduos afetados”, enfatiza Jully.

Importância da família

Segundo Jully, pais e responsáveis assumem um papel fundamental na prevenção e intervenção do bullying. “Eles devem estar atentos aos sinais de que algo está errado, conversar abertamente com seus filhos sobre o assunto e ensiná-los sobre respeito e empatia. Ensinar, principalmente, seus filhos a se defenderem de possíveis agressores, com orientações em casa e, até mesmo, com encenações de situações que podem ocorrer no cotidiano. Além disso, é importante encorajar o diálogo e oferecer suporte emocional para que os jovens se sintam seguros para compartilhar suas experiências”.

“O papel dos observadores e intervenientes são cruciais na prevenção e mitigação dos danos psicológicos associados ao bullying. A criação de um ambiente escolar seguro e inclusivo é responsabilidade de toda a comunidade educacional, assim como de um ambiente familiar seguro e acolhedor. Programas de conscientização, palestras e intervenções educativas são ferramentas eficazes para envolver estudantes, professores e pais no combate ao bullying”, finaliza.

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