
A sífilis congênita é uma doença que pode ser evitada e que é transmitida para o bebê através da placenta da gestante infectada. Charliana Aragão, que é farmacêutica-bioquímica da Coordenação Estadual de IST/AIDS e responsável pelo Programa de Sífilis, explica que, para entender o que é a sífilis congênita, é importante saber primeiro o que é a sífilis adquirida.
“Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, e que pode ser curada e que o tratamento está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Os sintomas às vezes são leves ou difíceis de perceber, e procurar tratamento só quando aparecem pode resultar em complicações graves”, afirma. Aragão diz que a doença se manifesta em diferentes estágios: primário, secundário, latente e terciário.
A sífilis primária costuma se apresentar com uma ferida única, que geralmente é indolor e não causa coceira. Um ponto importante é que, na mulher, essa ferida muitas vezes passa despercebida, porque fica dentro do canal genital e não causa sintomas evidentes, como coceira ou desconforto. Além disso, tende a desaparecer sozinha com o tempo. Por isso, muitas mulheres nem percebem que estão infectadas. Já nos homens, a ferida costuma ser mais fácil de notar, pois fica na parte externa dos órgãos genitais.
Outra fase assintomática é a secundária. Quando essa bactéria entra na circulação, ela pode causar lesões na pele e nas mucosas, como as roséolas sifilíticas, que aparecem na palma das mãos ou dos pés. Muitas pessoas confundem essas manchas com uma reação alérgica, mas na verdade podem ser de sífilis. Por isso, é importante fazer o teste rápido para identificar o quanto antes.
Na fase latente, a maioria das pessoas não apresenta sintomas visíveis. A última fase é a mais séria, pois ocorre o comprometimento de órgãos como o cérebro, levando à neurossífilis, ou do coração. Nessa etapa, podem surgir lesões bastante graves na pele, nos ossos e em outras partes do corpo.
A especialista diz que o maior desafio atualmente é que muitas pessoas não apresentam sinais clínicos.
Ela explicou que a sífilis congênita ocorre quando uma mãe que já tem a doença transmite para o bebê através da placenta. “Isso pode acontecer em qualquer fase da gestação, principalmente se a gestante não fez o tratamento corretamente ou não recebeu o tratamento adequado”.
A sífilis congênita pode se apresentar de formas leves ou mais graves. Na maior parte das vezes, pode ter casos de aborto, natimorto, neomorto. Tem situações de nascer sem sintomas, parecendo estar saudável. No entanto, alguns podem apresentar sinais como anemia, cegueira e problemas em diferentes órgãos, como pulmões, fígado ou até no cérebro.
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Infelizmente, a sífilis ainda causa a morte de algumas crianças no Brasil. Aragão explica que, mesmo não sendo a principal causa de mortalidade infantil, ela é totalmente evitável.
A especialista diz que o Pará, desde 2021, vem desenvolvendo um plano de ação para controlar e eliminar a transmissão vertical da sífilis. “Quando analisamos os dados de saúde, percebemos que essa taxa está diretamente ligada à qualidade do pré-natal. Se a mulher não recebe um cuidado adequado durante essa fase, isso acaba refletindo na ocorrência da sífilis congênita na maternidade, o que leva à necessidade de notificação. Além disso, registrar as informações na carteirinha de pré-natal, que é o documento que acompanha a gestante, é crucial”.
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