Ao longo deste mês, órgãos de segurança do trânsito estão com uma intensa campanha para conscientizar a população para os riscos de acidentes no trânsito, chamada “Maio Amarelo”. No Pará, a Polícia Rodoviária Federal montou uma ação voltada para os ciclistas que utilizam a BR-316 para se locomover, seja para ir ao trabalho ou apenas para o pedal recreativo. O objetivo é tentar reduzir o número de acidentes e mortes envolvendo pessoas que tem na bicicleta o principal meio de transporte. Segundo a PRF, em 2017 foram 206 acidentes envolvendo ciclistas nas rodovias federais que cortam o Estado. Deste total, 34 resultaram na morte do ciclista.

A instituição ainda não fechou dados do ano passado e deste ano, mas o caso mais recente de ampla repercussão aconteceu no último dia 17 de abril de 2021, em Castanhal, nordeste paraense, e teve como vítima a ciclista Claudia Loureiro.

Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, é o local com maior índice de acidentes envolvendo ciclistas. Foram 45, em 2017. Quatro ciclistas morreram em decorrência de acidentes naquele ano. A dona de casa Marielena Silva, 65 anos, conhece bem o perigo de pedalar pela rodovia, no trecho próximo ao centro de Ananindeua. “Não temos ciclofaixa ou uma via exclusiva para a gente. Ou a gente divide a pista com os carros ou divide a calçada com os pedestres. É muito arriscado, tem motorista que joga o veículo em cima da gente. Ônibus principalmente”, comenta.

O fluxo de pessoas é mais intenso devido ao comércio local
📷 O fluxo de pessoas é mais intenso devido ao comércio local |Celso Rodrigues

Nos perímetros em que o fluxo de pessoas é mais intenso, em decorrência do comércio, ela prefere descer da bicicleta e ir caminhando, empurrando o veículo de duas rodas. “É o mais seguro a se fazer”, destaca. O trecho em que Marielena costuma pedalar (entre Belém e Marituba) está sob a responsabilidade do Governo do Estado e passando por obras de requalificação. O projeto, depois de concluído, terá faixas exclusivas para os ciclistas.

A trabalhadora autônoma Keila Silva, 33, também prefere descer da bicicleta e seguir caminhando quando passa pela área central de Ananindeua. Ela leva e traz a filha da escola de bicicleta. A menina segue na garupa. “Eu não confio no motorista que vem em alta velocidade. Motoqueiro também joga a moto na gente. Pela segurança da minha filha, eu empurro a bicicleta quando passo nesta parte”, disse.

AÇÃO

A partir da próxima semana, policiais rodoviários federais, junto de agentes de trânsito do Detran-PA, irão fazer uma ação direta com os ciclistas. “Iremos entregar um colete para eles vestirem quando forem pedalar pela rodovia. Esse colete será um uma espécie de item de proteção para que motoristas possam enxergar os ciclistas tanto de dia quanto a noite e evitar acidentes”, explicou o inspetor da PRF Salim Junes.

Durante a abordagem, a PRF irá aplicar um questionário para conhecer o perfil dos ciclistas que se locomovem pela BR-316. O estudo servirá de base para definir ações futuras para melhorar a segurança e a fiscalização no trânsito. “A gente vai fazer este trabalho ao longo do ano todo e em todas as regionais que atuamos. Mas primeiro vamos conhecer quem são as pessoas que pedalam pelas rodovias, a gente sabe que muitas usam bicicletas que nem freio tem. Outras passam por ali como atividade recreativa”, prossegue Salim. A ação de entrega dos coletes será nos dias 29 e 30 de maio.

“O slogan da nossa campanha em todo Brasil é ‘Respeito e Responsabilidade: Pratique no trânsito’ e é isso que queremos trabalhar no trânsito das rodovias federais. Que motoristas, ciclistas e pedestres saibam suas responsabilidades e respeitem as leis de trânsito para que a gente possa diminuir o número de acidentes”.

Na BR-316, é comum ver, diariamente, ciclistas se arriscado em meio aos pedestres e veículos Foto: Celso Rodrigues

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