Você já ouviu falar em Marie Camille Monfort?

Ela teria sido uma fantástica cantora lírica francesa, que teria vivido entre os anos de 1869 e 1896, imigrado da França para Belém. Na época, virou a sensação na sociedade em que morava por ser uma mulher a frente do seu tempo. Sua história voltou à tona nos últimos dias e tem repercutido nas redes sociais.

Existem relatos de que ela tomava banho de champagne por ser vista como uma mulher muito chique e atraente, que chamava atenção de todos. Segundo o portal Rede Vampyrica, "ela era vista, seminua, a dançar pelas ruas, enquanto se refrescava sob a chuva da tarde; era também vista em solitários passeios noturnos, com seus longos vestidos negros esvoaçantes, â beira da baía do Guajará". 

Marie chegou a ser acusada de vampirismo por conta de seus hábitos peculiares e por ser uma cantora lírica, haviam comentários de que ela usava desse dom para hipnotizar e atrair suas vítimas. Ela teria morrido durante uma epidemia de cólera e teria sido sepultada no Cemitério da Soledade, em Belém, segundo relatos. 

Camille Monfort, a "vampira paraense", bomba na web
📷 |Foto: Reprodução

VERDADE OU MENTIRA?

A verdade é que a fascinante história não passa de um conto. A vampira Marie Camille Monfort não existiu no mundo real. 

De acordo com o historiador Fabio Augusto, não há registros sobre a cantora lírica em veículos da época. "Os jornais e revistas paraenses da época dão mencionam sua existência ou qualquer passagem pelo teatro nacional e internacional. "Sua" fotografia foi feita em 1901, cinco anos após sua "morte", em um estúdio inglês. E não existe sequer uma lápide ou jazido no Cemitério da Soledade dedicado à personagem. O busto que é divulgado como seu, na verdade é de mausoléu da família do Senador Justo Chermont", declarou ele sobre o caso. 

Quando lhe foi questionado sobre a mulher da foto, ele disse que seria outra mulher. "Possivelmente uma inglesa do início de 1900. O estúdio fotográfico foi bombardeado durante a Segunda Guerra, escapando apenas alguns negativos sem identificação", informou.

Marie Camille Monfort
📷 Marie Camille Monfort |Foto: Reprodução

CELULAR EM 1900? 

Questionado sobre ela estar usando um suposto smartphone em 1900? , ele contou que na verdade, “possivelmente ela está segurando um carte cabinet (cartão de visitas).”.

Mas de onde vem essa história tão maravilhosa? A história enigmática de uma cantora lírica de espírito independente que vinda direto da França que luta pelo direito ao voto feminino, em pleno século XIX e com seu comportamento livre que chocou a conservadora sociedade de Belém, dando origem a lenda de que ela seria uma vampira vem de um livro chamado “Após a Chuva da Tarde – A Lenda do Cão Fantasma do Palacete Bolonha”, do escritor belenense Bosco Chancen.

@viajantenotempo1 O Clube dos 27 começou no século XIX! "CAMILLE MONFORT, A VAMPIRA DA AMAZÔNIA EM 1896, Belém enriquecia com a venda da borracha amazônica para o mundo, enriquecendo fazendeiros, da noite para o dia, que construíam seus ricos palacetes com materiais vindos da Europa. O Theatro da Paz era o centro da vida cultural da Amazônia, com concertos de artistas europeus. Entre eles um chamou especial atenção do público, o da bela cantora lírica francesa Camille Monfort (1869 - 1896), que causou desejos desenfreados em ricos senhores da região, e ciúmes atrozes em suas esposas por sua grande beleza. Camille Monfort também causou indignação por seu comportamento livre das convenções sociais de seu tempo --- ela era vista, semi nua, a dançar pelas ruas de Belém, enquanto se refrescava sob a chuva da tarde; era também vista em solitários passeios noturnos, com seus longos vestidos negros esvoaçantes, à beira do Rio Guajará. Logo, ao seu redor, boatos se criaram e deram vida a comentários maledicentes sobre sua pessoa. Dizia-se que era amante de Francisco Bolonha, que a trouxera da Europa, e que este lhe dava banho com caríssimas champanhes importadas da Europa, na banheira de seu palacete; dizia-se também que ela fora atacada pelo vampirismo em Londres, devido sua palidez e aspecto doentio, e que trouxera este grande mal à Belém, possuindo misteriosa necessidade de beber sangue humano, ao ponto de hipnotizar jovens mocinhas com sua voz em seus concertos, fazendo-as adormecerem em seu camarim, e terem seus pescoços sugados pela misteriosa dama. [O que, curiosamente, coincidiu com relatos de desmaio nas dependências do teatro durante seus concertos, que eram explicados como apenas o efeito da forte emoção produzida por sua música aos ouvidos do público]; dizia-se também que ela possuiria o poder de se comunicar com os mortos e materializar seus espíritos em densas brumas etéreas de materiais ectoplasmáticos expelido de seu próprio corpo em sessões mediúnicas. [Eram, sem dúvida, as primeiras manifestações na Amazônica do que mais tarde viria ser chamado de Espiritismo, praticado em misteriosos cultos em palacetes de Belém, como o Palacete Pinho]. Em finais de 1896, um terrível surto de cólera devastou a cidade de Belém, fazendo uma de suas vítimas Camille Monfort que faleceu, sendo sepultada no Cemitério da Soledade. Hoje, sua sepultura ainda está lá tomada pelo limo, musgo e pelas folhas secas, sob uma enorme mangueira que faz o túmulo mergulhar na obscuridade de sua sombra, apenas clareada por alguns raios de sol que se projetavam por entre suas folhas verdes. É um mausoléu de linhas neoclássicas com um portão fechado por um velho cadeado enferrujado, de onde pode-se ver um busto feminino em mármore branco sobre a ampla tampa do túmulo abandonado; e, fixado à parede, uma pequena imagem emoldurada de uma mulher vestida de preto; e em sua lápide pode-se ler a inscrição: Aqui Jaz Camille Marie Monfort (1869 - 1896) A Voz que Encantou o Mundo Mas há aqueles que, ainda hoje, dizem que seu túmulo está vazio, que sua morte e enterro não passaram de encenação para acobertar seu caso de vampirismo; e que Camille Monfort ainda vive na Europa, hoje aos 154 anos de vida. Quando você visitar o Cemitério da Soledade, em Belém, não esqueça de visitar seu túmulo, e lhe depositar uma rosa; e não se assuste se noutro dia a rosa tenha se tornado em sangue. Ela também inspirou um romance: "Após a Chuva da Tarde"." #gotico #history #Paris #victorian #scared #europe #Arquiteture #museum #Amazonia #architecture #teatro🎭 ♬ Deep Meditation Lofi Music - Saymon Cleiton

O sucesso desse livro, apesar de ainda não tão conhecido pela grande massa, é que trata-se de uma narrativa gótica adaptada ao nosso clima tropical e aos palacetes da cidade de Belém, reunindo histórias reais, lendas amazônicas, romance e vampirismo. Assim, dá alguns detalhes verdadeiros que se confundem os os fictícios. O romance aproveita a atmosfera sombria da floresta amazônica durante a chuva da tarde para contar histórias visagentas.

Outra inovação fundamental do referido romance, pela primeira vez um romance de vampiro torna-se um Romance Histórico, tendo como pano de fundo a Belle Époque amazônica (1870), período importante em que cidades da região se tornaram ricas exportadoras de látex, tendo como modelo de urbanização cidades importante da Europa; tal período ficou conhecido como Ciclo da Borracha, quando o látex extraído das seringueiras era a matéria-prima dos pneus dos automóveis, exportada para o mundo todo, enriquecendo fazendeiros, da noite para o dia, fazendo da cidade de Belém o centro cultural da Amazônia e do Theatro da Paz palco para grandes artista que desafiavam a selva amazônica para mostrar sua arte.

LEIA TAMBÉM:

"Tu gelas é?!" Conheça os 5 maiores casos de visagens em Belém

Vídeo: campeonato europeu de sexo termina em pancadaria

Foto: Reprodução/ No Amazonas É Assim

MAIS ACESSADAS