O que são os "círculos de fadas" que intrigam cientistas?

Os membros da tribo himba, da Namíbia, há gerações, compartilham a história de que a terra foi marcada pela forte respiração de um dragão, deixando marcas semicirculares onde a vegetação nunca mais cresceu.

Agora, novas descobertas estão acrescentando novas camadas ao mistério dos chamados "círculos de fadas". Essas formações, que antes eram acreditadas como exclusivas do sudoeste africano e do noroeste da Austrália, foram encontradas em pelo menos 15 países de três continentes.

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Uma nova pesquisa, liderada pelo cientista Emilio Guirado, da Universidade de Alicante, na Espanha, revelou que esses misteriosos círculos não são tão únicos quanto se pensava. Utilizando modelos baseados em inteligência artificial e imagens de satélite de alta resolução de serviços de mapeamento, como Google Earth, Bing Maps e Mapbox, a equipe mapeou 263 locais com círculos de fadas em regiões áridas do mundo. Essas formações intrigantes foram encontradas em países que incluem o Sahel, Saara Ocidental, Chifre da África, Madagascar, sudoeste asiático e a região central da Austrália.

"Do espaço, com a ajuda de um modelo baseado em inteligência artificial, encontramos nas regiões áridas do mundo centenas de lugares que nunca haviam sido descritos antes, com padrões de vegetação idênticos aos círculos de fadas", explica.

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A origem desses "círculos de fadas" continua sendo um enigma que intriga a comunidade científica há décadas. Diferentes teorias foram propostas ao longo do tempo, incluindo a ideia de que cupins subterrâneos seriam responsáveis por sua formação, enquanto outros pesquisadores sustentam que a auto-organização da vegetação desempenha um papel fundamental. A pesquisa de Guirado não se concentrou em desvendar a origem dessas formações, mas em mapear sua distribuição geográfica.

Segundo Guirado, os círculos de fadas são mais comuns em regiões com solo arenoso, onde variáveis como clima e fatores ambientais são estáveis. A pesquisa acrescenta mais um elemento ao debate em curso, mas a resposta definitiva sobre o que causa essas formações misteriosas ainda permanece pendente.

Em 2013, o biólogo alemão Norbert Jürgens concluiu, depois de pesquisas que o "círculo das fadas" era formado por cupins que vivem no subterrâneo próximo as áreas sem vegetação. Segundo o cientista, esses insetos se alimentam das raízes da vegetação que começa a crescer depois da chuva, gerando acúmulos de água no subsolo e permitindo a sobrevivência da espécie.

"Os cupins são insetos sociais que controlam seu território, onde dispõem de água e comida, e as colônias defendem sua área dos vizinhos, às vezes de forma muito agressiva", explicou Jürgens à BBC News Mundo em 2016.

Além de Guiarado e Jürgens, outros cientistas continuam as pesquisas e análises dos territórios onde aparecem o "círculo das fadas", mas não chegaram a uma conclusão exata do que se trata o fenômeno.