
Um crime ocorrido há quase 700 anos no coração de Londres acaba de ganhar nova interpretação, graças ao trabalho de um criminologista da Universidade de Cambridge.
Como parte do projeto Mapas de Assassinatos Medievais, o pesquisador Manuel Eisner revelou que o assassinato do padre John Forde, em 1337, pode ter sido motivado por vingança pessoal e política.
Forde teve a garganta cortada em plena rua Cheapside, diante da Catedral de São Paulo, por três agressores armados com adagas. Segundo Eisner, a execução pública tinha o claro objetivo de transmitir uma mensagem de poder, semelhante a ações violentas contemporâneas em contextos de instabilidade institucional.
Conteúdo Relacionado
- Mulher é sequestrada, amarrada e degolada em mangue no Pará
- Conheça a cidade medieval que parece ter parado no tempo
- Andressa Urach implora pela morte e revela motivo do sumiço
As conclusões foram publicadas na revista Criminal Law Forum e também discutidas no podcast Medieval Murders. Entre as fontes usadas estão cartas do século 14, que associam o religioso a um casal nobre envolvido em extorsão, invasão de mosteiros e até relações sexuais ilícitas.
Conexões perigosas
John Forde atuava como reitor na igreja de Okeford Fitzpaine, propriedade da família Fitzpayne, em Dorset. Foi nesse contexto que teria se aproximado de Ela Fitzpayne, baronesa acusada por líderes religiosos de manter casos com diversos homens, inclusive com clérigos.
Cartas trocadas entre altos membros da Igreja indicam que Ela, o marido Robert Fitzpayne e Forde formaram uma espécie de aliança criminosa, que incluiu ataques a instituições religiosas e saques de propriedades. O rompimento dessa relação teria ocorrido após o padre, buscando se reaproximar da Igreja, denunciar os crimes da baronesa.
A queda de Ela
Após as denúncias, Ela foi condenada a severas penitências: entre elas, caminhar descalça pela Catedral de Salisbury carregando uma vela todos os anos, por sete anos. Também foi proibida de usar joias e multada em grande valor.
No entanto, documentos mostram que ela se recusou a cumprir as punições, fugiu de Londres e acabou excomungada. Eisner aponta que essa humilhação pública pode ter sido o estopim para o plano de vingança contra Forde.
O crime e seus autores
O assassinato foi executado de forma brutal e simbólica: em plena luz do dia, diante de testemunhas. Os autores foram identificados como o irmão de Ela, Hugh Lovell, e dois ex-serventes dela: Hugh Colne e John Strong. Apenas Colne foi preso, e isso cinco anos depois do crime.
“A execução pública foi usada como instrumento de poder e controle”, destaca Eisner. Para o criminologista, a morte do padre revela as tensões entre Igreja e nobreza e como a violência era usada como arma política, uma realidade medieval com ecos no presente.
Quer saber mais de curiosidades? Acesse o nosso canal no WhatsApp
As descobertas reforçam o papel das emoções, como humilhação e vingança, na motivação de crimes, e evidenciam as disputas por poder e prestígio entre diferentes esferas da sociedade medieval.
Mais informações, documentos históricos e episódios do podcast podem ser acessados no site oficial do projeto Medieval Murder Maps.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar