Há muito que o ambiente rústico das palafitas, na orla de Belém, contribuíram para o ‘boom’ da cultura reggae na cidade e se tornaram os novos guetos de um público que segue a ideologia da cultura jamaicana ou apenas aprecia o ritmo musical. A dança contagia e envolve os corpos em passos sutis que denotam sensualidade e sedução. Aqui no Pará, em virtude da influência africana, europeia e indígena, a dança do reggae acabou ganhando uma característica própria que absorve diversos elementos. Isto tem atraído pessoas de diversas classes sociais e idades a frequentarem o reggae e partilhar da cultura.
O vocalista da banda Jaafa Reggae, Acy Aires, considera que diante do crescimento de regueiros na cidade, é importante que este público passe a conhecer melhor o estilo musical. “Surgiram muitas bandas aqui em Belém e, graças a isso, as pessoas passaram a conhecer mais a ideologia de paz e de amor”, avalia.
Esta semana, por exemplo, um grupo de 14 pessoas participa da oficina de Reggae de Salão, que acontece no Espaço Cultural Chaves do Pará. O projeto é pioneiro na cidade e pretende, além da dança, ensinar o contexto histórico em que o reggae chegou à capital paraense.
“Muitos ainda não sabem, mas Belém é berço do reggae no Brasil. Chegou aqui antes mesmo de chegar ao Maranhão, que tem São Luís como a capital do reggae”, comenta o Dj Vitor Pedra, que participa da coordenação do projeto. “A gente não deixa de ver que esta cultura cresce a cada dia e é interessante que as pessoas conheçam mais sobre este estilo”, destaca.
Vitor, por ser DJ, já desenvolveu pesquisas sobre o reggae e lembra que a música, assim como alguns gêneros brasileiros, faz crítica social. “Mas ultimamente tem prevalecido a característica da música romântica, de amor e sedução. O que acaba se interligando à música com a dança propriamente dita”, considera.
De acordo com o diretor do Espaço Cultural, Cleidson Chaves, a dança do reggae acabou ganhando características de dança de salão. “A dança em qualquer vertente é uma arte que evolui com o passar dos anos. Em Belém, o reggae acabou evoluindo e as pessoas entram em sintonia com a música para dançar”, disse.
Na verdade, é um estilo musical que acabou unindo ritmos caribenhos com o jazz e o blues.
Questionado se existe algum passo específico para o reggae, Chaves reiterou que não, embora tradicionalmente alguns sigam uma linha de dança. No geral, é o corpo que se movimenta de acordo com o ritmo. O reggae, quanto mais romântico, torna a dança mais sensual.
“Tudo na vida é uma questão de prática. Muitos veem no reggae dois corpos se encontrando e se comunicando através da dança. No Pará, o reggae já ganhou uma dança mais própria, de salão, que envolve o corpo e a mente”, avalia.
Segredo
ara o instrutor de dança Carlos Eduardo, o segredo para dançar reggae está nos ombros de cada pessoa. “Quanto melhor o movimento com os ombros, mais facilidade terá para dançar”, aponta.
Na oficina, além do gingado com os ombros, também serão ensinadas qual a postura ideal para dançar reggae e qual o movimento correto da cintura, na hora de rebolar.
De maneira geral, a agilidade e soltura de cabeça, ombros, braços, tronco e quadril são pontos em comum dos movimentos, que variam entre intensa energia, lentidão e sensualidade. Os joelhos flexionados e os pés marcando fortemente o ritmo mostram a ligação com a terra.
(Diário do Pará)
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