Belém no olhar de Antar Rohit

Ver- o- Peso, janelas de casarões, Mercado de São Brás, Theatro da Paz. Cenas e cenários de Belém traçados por um saudoso artista plástico nascido em Los Angeles e de coração paraense, estão expostas no Castanheira Shopping Center. A exposição “Belém no olhar de Antar Rohit” segue até o dia 20 de janeiro.

Intitulada “Maré Cheia III”, a tela que representa a feira mais famosa e representativa da capital paraense faz parte do acervo de 17 trabalhos disponíveis para o público no empreendimento. As telas integram a doação feita pela irmã de Antar Rohit, Laura Mahon, ao Museu da Universidade Federal do Pará (Mufpa).

Por ocasião de outra exposição com obras de Rohit, em novembro do ano passado, no Atelier do Porto, Laura ressaltou a saudade que ele deixou. “Eu e meu irmão, Michael, ficamos muito felizes com isso. Acho que cidade, assim como nós, sente saudade do Rohit e esse movimento em sua memória é muito bonito”, disse, lembrando como começou a paixão do artista pelas artes e pela cidade.

“A gente convivia com arte dentro de casa. O Rohit também amava a sua cidade e isso o estimulava. Ele retratou Belém com um olhar muito amoroso. A gente se criou em uma casa antiga na Avenida Governador José Malcher e ele pintou a nossa casa: o piso, as janelas, a cama dele, que são imagens recorrentes na sua obra, além das praças de Belém, o rio que passa, o céu com nuvens”, lembrou Laura.

As gravuras estampam a vida e o cotidiano de Belém sobre a ótica de um americano que aos cinco anos de idade veio morar no Pará e escolheu o Estado como lar. “Ele assumiu a identidade de paraense e faleceu em 2007, mas o legado que deixou para nós é muito grande”, ressalta museólogo do Mufpa, Magno Alves.

Rohit trabalhava com três técnicas: gravura, pintura e desenho, usando como sub-técnicas a serigrafia, giz de cera e aquarela e ainda a digigrafia in canvas – reprodução em forma de impressão. “O desenho era apenas o rascunho da obra final, feita em etapas”, diferencia.

Mestre da pintura sobre seda

A primeira exposição de Antar Rohit foi realizada quando ele tinha 19 anos, em Belém, na Galeria Ângelus, do Theatro da Paz, no ano de 1979. Próximo daquele lugar, em uma de suas telas, Rohit representou o Bar do Parque, em obra batizada como “Quase um refúgio”, também integrante da mostra “Belém no olhar de Antar Rohit”. O acervo do Mufpa tem aproximadamente 250 trabalhos do artista de traço renomado, que retratava a beleza brasileira – em especial a paraense – em suas telas.

Algumas das obras do artista plástico que retratam cenas de Belém estão expostas até o dia 20 de janeiro, como parte das comemorações pelos 398 anos de Belém. Quando expôs em 1979, no Theatro da Paz, o doutor em psicologia já apresentava trabalhos em técnica de pintura sobre seda - a qual desenvolveria durante toda a vida.

Exposições e filme

Rohit expôs em vários países, galerias e museus, como Galeria Teodoro Braga - Belém; Stones Gallery - Kauai Hawaii; Salão Carioca - Rio de Janeiro; Ettinger Gallery - Art Institute of Southern; Bowers Museum, Santa Ana - Califórnia; Casa de Cultura Mario Quintana - Galeria Xico Stockinger - Porto Alegre; Galeria Municipal de Belém entre outras. Ganhou também prêmios importantes, como no Santa Cruz Spring Fair - primeiro lugar têxtil, na Califórnia, em 1980.

O artista atuou no filme “Corpos Celestes”, dos diretores Marcos Jorge e Fernando Severo, em 2005. No mesmo ano, lançou a última coleção de quadros e gravuras, intitulada “Arawete”, uma tradução do universo indígena a partir da ótica do artista. Neste último trabalho buscou sintetizar as tribos e culturas amazônicas, relembrando o passado, valorizando o presente e antecipando o futuro.

(Diário do Pará)