Cada um com seu traço, sua identidade e experiência, os ilustradores Filipe Almeida, Leandro Bender e Rodrigo Cantalício participaram da elaboração de um presente ao leitor do DIÁRIO DO PARÁ: o livro para colorir “Círio em Todas as Cores”, que está encartado na edição de hoje do jornal, com o patrocínio da Claro e do Boulevard Shopping. São 24 páginas com ilustrações que trazem as referências e a beleza dos trabalhos de cada um dos artistas, baseadas em cinco temáticas: romaria, círio fluvial, trasladação, cultura popular e manto.
“A diferença entre este e nossos demais trabalhos como ilustradores está no fato de só deixar mesmo os traços. Temos de dar ao leitor o critério de pensar em sombras, dar volume ao desenho”, comenta Bender, que, mesmo habituado a completar com tais detalhes suas obras, afirma que o vazio deixado em aberto para a criatividade de cada leitor é algo interessante. Aliás, a única exigência feita aos artistas convidados era de que as obras não tivessem preenchimento e que viessem carregadas de elementos para o leitor explorar em cores.
“Eu sempre gostei de dar uma olhada nesses livros de colorir. Muitos são baseados em mandalas, algo que me interessa, pois uma das minhas pesquisas é o grafismo”, comenta Filipe. Assim como ele, o outro convidado, Cantalício, nunca havia trabalhado com livros de colorir. “Achei bem diferente, pois se torna uma coisa colaborativa, são outras pessoas que vão concluir aquela ilustração”, diz ele.
Filipe conta que também não teve muita dificuldade com o projeto por suas referências e seus trabalhos serem próximos da ideia do livro. “Meu estilo é o desenho, o nanquim, com detalhes e feito de forma digital”, comenta.
Nascido em Belém, Cantalício desenha desde criança e, após conhecer um diretor de arte que o convidou para participar de projetos como ilustrador, percebeu que esta poderia ser uma profissão. “Gosto de desenhar coisas mais fluidas, com caminhos livres, movimentos. Sempre gostei de Klimt, Mucha, artistas que têm obras que trazem esses movimentos e detalhes que formam uma imagem maior. São quase como uma obra abstrata. É um estilo que me deixa à vontade para criar.”
Publicitários apenas no diploma, ilustradores na essência
Todos formados em Publicidade e Propaganda, nenhum dos ilustradores convidados considera que exerce tal profissão. “Por essa ligação inicial com a publicidade, meus projetos são muito relacionados a campanhas, coisas institucionais, mas sou mesmo ilustrador e também participo de coisas por razões dessa natureza, como é o caso do Coletivo Argonautas. Gosto de procurar coisas nas quais meu trabalho se encaixa, que me deixam livre para explorar o universo da ilustração”, comenta Rodrigo Cantalício.
“Como todas as pessoas que trabalham com ilustração, eu desenhava desde moleque, não lembro como foi que comecei. Sei de desenhos que me marcaram e de como, aos poucos, isso foi tomando forma, ganhando um traço, uma identidade. Percebi que desenhar podia ser minha profissão quando recebi meu primeiro dinheiro por um desenho”, conta Bender. Suas ilustrações costumam estar presentes em campanhas publicitárias, mas também em revistas, livros e pôsteres. “Outros desenhos são pra mim mesmo. Gosto muito de pintar quadros, tenho vários em casa”, completa.
Imagem: Leandro Bender
Para Filipe, foram as experiências universitárias que o levaram de volta aos desenhos. “Sempre desenhei, mas parei durante um longo tempo, ainda na adolescência. Depois, retomei com grande intensidade na faculdade, quando cursava Publicidade e Propaganda. Comecei criando identidade visual para eventos culturais e empresas, e meus trabalhos começaram a demandar muita ilustração. Até que passei a ilustrar mais como um trabalho artístico pessoal mesmo”, conta.
Hoje, a referência de cada um é bem distinta, como é possível notar nas próprias ilustrações do livro “Círio em Todas as Cores”. Para Cantalício, a inspiração é algo diário, e mesmo em trabalhos institucionais, encomendados, o ritual é absorver o máximo de informações sobre aquele projeto, mas levar a ideia principal através de sua identidade, sua linguagem como artista.
Bender, com seus mais de 10 anos atuando na área, tem como referências os mangás, as HQs americanas, o estilo “graphic novel”, e também pinturas clássicas.
E para Filipe, as referências são a cultura popular, os símbolos, pinturas tribais, a cultura indiana, com muitas texturas e detalhes. “É de onde eu bebo. É minha fonte. Que também está impressa nas ilustrações desse livro”, destaca, mostrando nesta matéria como ficou sua própria versão de uma das ilustrações colorida digitalmente.
(Lais Azavedo/ Diário do Pará)
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