O poeta paraense Celso de Alencar, radicado em São Paulo há 44 anos, até hoje não sabe o porquê de ser chamado para ler poemas no Colégio Nossa Senhora dos Anjos, quando tinha 9 ou 10 anos, sempre que alguma autoridade visitava a instituição. “Lia Olavo Bilac e Castro Alves para o governador Barata, você acredita?”. Dessas memórias remontam as suas primeiras ligações com a poesia, que acabou se tornando um caminho para a vida. De volta a Belém após 25 anos, Celso participa hoje do bate-papo literário “Poesia Numa Hora Dessas”, às 18h, no Sesc Boulevard, ao lado do também poeta, crítico e ensaísta paulista Claudio Willer, que também lança o livro de poesias “A Verdadeira História do Século XX” (Ed. Córrego). A entrada é franca. 

A poesia de Celso, ele diz, passou por várias fases, que Claudio Willer deve abordar no diálogo desta noite. “Nos anos 1970, início dos anos 1980, existiram na minha poesia imagens da natureza amazônica, as falas paraenses, mas sair do Pará fez com que minha visão de mundo se ampliasse, conheci outras pessoas, li outras literaturas, me envolvi com a poesia panfletária, declamava nas ruas e vendia poesia também contra o Regime Militar. Mas observo que uma palavra qualquer, a linguagem ou as imagens do Pará estão de alguma forma na minha obra. Isso é importantíssimo”, diz o poeta, que foi classificado por Jorge Mautner como um poeta “da quarta dimensão, escandalizador e libertador de almas”. 

Hoje, Celso avalia que a própria obra contém uma alta carga de imagens, como se coubesse ao leitor interpretar um filme. E é assim que ele diz ocorrer o seu processo criativo: “Trabalho muito com imagens e no meu dia a dia vou gravando essas imagens até chegar o momento em que sento e vou escrever. Meu processo se passa como os demais poetas, sempre experimentando o mundo e isso está muito na minha poesia. Há muita fotografia na minha poesia também”, diz.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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