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João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, faz sessão de autógrafos

O filósofo e escritor João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, o Jango, lembra que o pai dizia que o exílio era uma invenção do demônio. Aos sete anos ele saiu do Brasil junto com o pai, a mãe, Maria Thereza, e a irmã Denize, após a depo

O filósofo e escritor João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, o Jango, lembra que o pai dizia que o exílio era uma invenção do demônio. Aos sete anos ele saiu do Brasil junto com o pai, a mãe, Maria Thereza, e a irmã Denize, após a deposição do chefe máximo da nação, com o Golpe Militar de 1964. “Meu pai dizia que estar exilado é como estar morto-vivo, pois as pessoas não conseguem sequer ter um documento da sua terra, passaporte para se deslocar e ficam circunscritas às leis de um outro país”, diz o escritor. São com as memórias do tempo fora do país que ele inicia a narrativa do livro “Jango e Eu - Memória de um Exílio Sem Volta” (editora Civilização Brasileira), que ele autografa hoje, às 19h, na Livraria Saraiva do Boulevard Shopping, em Belém. A entrada é gratuita.

“O livro aborda os acontecimentos que começam no dia 1º de abril de 1964 e finaliza no dia 6 de dezembro de 1976, dia da morte do meu pai. Não à toa o subtítulo é esse, um exílio sem volta. É um mergulho profundo na memória de alguém que saiu ainda menino de seu país e vive essa fase no exílio, onde se aprende a conhecer de verdade o significado da palavra ‘exílio’. Porque é uma expressão, uma palavra, que não existe no vocabulário de crianças e somos obrigados a entender essa difícil situação que representa o desterro. As pessoas desterradas estão longe de sua família e amigos”, comenta João Vicente.

Com o recorte temporal, o autor escolheu momentos relevantes da vivência de sua família durante o período em que viveram fora do país. Jango saiu de Brasília e foi primeiro para para Porto Alegre, no intuito de seguir para São Borja, sua cidade natal localizada no interior do Rio Grande do Sul, mas acabou indo para o Uruguai, já que o general Assis Brasil o alertou de que se ficasse em terras brasileiras poderia ser preso, já que o governo dos Estados Unidos já havia reconhecido o novo governo dos militares. Antes de chegar a Montevidéu, onde ele se mantinha informado sobre a situação política do Brasil, admitiu ao general que gostaria mesmo era de continuar no país, mas na região do Xingu, onde possuía terras. Assis conseguiu demovê-lo da ideia e sugeriu que o melhor era seguir para terras uruguaias.

Por isso, o primeiro capítulo do livro é denominado “O Uruguai É Azul”, em que ele narra: “Não recordo aquela noite, mas de manhã já havia umas poucas malas arrumadas, carros e motoristas à espera na porta e uma agitação fora do comum, quase correria, para sairmos direto para o aeroporto. Lembro-me de que não foi possível levar alguns dos brinquedos que queríamos, como sempre fazíamos nas viagens ao Rio, a Porto Alegre ou a São Borja. Levávamos tudo o que queríamos, mas nessa viagem, não. Parecia uma viagem diferente. E seria diferente para sempre. Saímos [de Brasília] meio apressados, meio desconfiados, pois o avião da FAB que nos esperava no aeroporto não era aquele em que sempre viajávamos. Haviam conseguido outro às pressas para nos levar a Porto Alegre, talvez de alguma unidade que ainda se mantinha fiel ao presidente – ou melhor, que ainda estava na expectativa se o golpe iria se consumar ou não”, recorda.

A ideia de rememorar essa vivência, 50 anos depois, é para João Vicente bastante oportuna para se pensar os rumos políticos do país, comparando o que vivemos hoje com o que sua família passou. “Tenho dito em entrevistas que vivemos dois golpes programados contra a Constituição brasileira, de diferentes formas. Os golpes evoluíram, não é mais aceitável o totalitarismo dos militares, fica impossível de ser dado novamente através de baionetas e tanques na rua contra um povo desarmado e desempregado. Esse caráter de ‘golpe paraguaio’, como chamo, é novo. Mas penso que os atores são os mesmos e há interesses internacionais em nosso país”, explica.

História

Lançamento do livro “Jango e Eu”, de João Vicente Goulart
Quando: Hoje, às 19h
Onde: Livraria Saraiva (Boulevard Shopping – Doca de Souza Franco)

Palestra

Quando: Amanhã, 16h
Onde: Fibra (Av. Gentil Bitencourt, 1144 - Nazaré)
Quanto: Gratuito

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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