No mês de outubro. Em Belém do Pará/ São dias de alegria e muita fé/ Começa com intensa romaria matinal/ O Círio de Nazaré ...”. O samba enredo de 1975, da Escola Estácio de Sá, que homenageou o Círio de Nazaré, interpretado por Dominguinhos do Estácio, deve ser entoado amanhã, 27, pelo sambista, que será a grande atração do bloco Elka, que sai do Complexo Ver-o-Rio, a partir das 14h.
“É um prazer enorme falar com o Pará e participar desse bloco, que aqui no Rio de Janeiro já é muito comentado”, diz Dominguinhos em entrevista ao DIÁRIO.
Aos 76 anos, ele, que nasceu Domingos da Costa Ferreira, tem mais de 40 anos dedicados ao samba, coleciona títulos e tem uma relação afetiva com o Pará. E não esconde a expectativa sobre o Elka. “Eu fico até ansioso para chegar a hora, porque é um dos momentos mais brilhantes da minha vida ir até Belém. Como vou passar alguns dias no Pará, vou até Mosqueiro e vou rodar por aí e matar a minha saudade, que está pulando nos meus olhos”, diz, empolgado, depois de quatro anos de ausência.
Mesmo longe, ele não perdeu o amor pelo Pará. Em 2013, quando o estado foi homenageado mais uma vez na Marquês de Sapucaí, dessa vez pela Imperatriz Leopoldinense, quem estava lá cantando o samba enredo? Dominguinhos, que na época não conteve as lágrimas. “A minha gratidão é porque foi cantando samba, e principalmente no estado do Pará, que eu criei meus filhos, que passei momentos maravilhosos e pretendo passar outros ainda, se eu tiver vida e saúde. Se Deus me ajudar, ainda vou curtir essa cidade que tenho como meu torrão”.
Tanto amor por Belém lhe rendeu os títulos de cidadão paraense e belenense, concedidos respectivamente pela Assembleia Legislativa do Pará e Câmara Municipal de Belém. “Quer dizer, eu estou amarrado pelos sete lados. O respeito que vocês têm por mim é o mesmo que eu tenho por vocês”, diz o sambista. “O samba faz parte da minha vida e o Pará não é diferente. Sou ‘parioca’, metade paraense e metade carioca”, diz, em meio a uma gargalhada.
BAILE
No domingo, o carioca fará o Baile de Carnaval do Boteco das Negrices. Para o show, não há mistério: a regra e cantar o samba de qualidade, diz ele. “Estamos a poucos dias antes do Carnaval, qualquer espetáculo com um sambista em uma época dessas tem que ser ligado a isso. Meu show será de acordo com a época”, antecipa. A festa ainda terá shows de Tonny Melodia e Banda, além da Bateria Show do Rancho e concurso de fantasias.
“Não faço nada sem pedir à Virgem de Nazaré” “Estou muito feliz de estar indo para o Pará, já faz algum tempo que eu não vou. Vou curtir a minha Santa, minha santinha querida. Tudo meu, eu não faço sem pedir à minha Virgem de Nazaré”, confessa. Devoto da padroeira dos paraenses, Dominguinhos já acompanhou o Círio várias vezes e participou do “Auto do Círio”. Em casa, tem uma imagem da Santa, que recebeu de presente no Círio de 1999. A imagem, antes de ser entregue a ele, recebeu muitos pedidos de oração pela sua recuperação na época em que sofrera um infarto. “Sou devoto dessa maravilhosa Santa desde 1975, quando a minha escola aqui do Rio fez uma homenagem ao Círio de Nazaré e eu já estava envolvido com o samba. Depois, meu compadre Betinho Garcia foi jogar no Paysandu e me levou para cantar no Racho”, relembra. Ele confessou que em 1998 vinha para o Estado praticamente toda semana. Estava apaixonado pela cidade e a vontade de estar mais perto da sua padroeira fez com que decidisse casar na Basílica Santuário de Nazaré. “Eu não poderia casar em outra igreja que não fosse a da minha Virgem de Nazaré. Fizeram uma linda festa e eu fiquei muito feliz com a presença do Rancho saindo da igreja junto comigo. Foi um momento que não sai da minha cabeça nunca”, declara. Longe de Belém, Dominguinhos diz que no mês de outubro bate aquela tristeza, por causa do Círio. “Minha filha chama-se Nazaré”, revela.
Elka inaugura Circuito Boulevard em desfile solidário O Bloco Elka, um dos mais tradicionais do pré-carnaval paraense, com 12 anos de existência, sai às ruas neste sábado, 27. A concentração é a partir das 14h, com a participação de bateria de escola de samba e do cantor Eloy Iglesias. A previsão de saída será às 16h, com cortejo popular com Sambloco, a cantora Flávia Anjos e o sambista Dominguinhos do Estácio. A chegada do bloco está prevista para às 18h, no Mauí Sunset Club, onde vai rolar o baile com show de Arthur Espíndola e convidados. Em seguida, tem a participação do “Empolga as 9”, do Rio de Janeiro, um dos principais blocos de Ipanema. No total, serão 1,4 mil camisas vendidas, a capacidade do local do baile. Mas o bloco deve arrastar muito mais brincantes. A grande novidade deste ano é o ponto de concentração no Ver-o-Rio e o novo trajeto, intitulado pelos organizadores de “Circuito Boulevard”. “Para você ter uma ideia de como a coisa tomou uma proporção grande, começou a trazer impacto negativo para os moradores da Cidade Velha. Tínhamos que ligar o som e sair logo, não existia mais concentração. Lá no Ver-o-Rio não tem moradores, é um lugar exuberante e lindo, turístico e sem impacto nenhum. Então, a gente voltou a ter a condição de fazer uma grande festa na concentração”, explica o padrinho do bloco, Sérgio Gluck Paul. Outra novidade é que parte da venda das camisas será revertida para a campanha em prol de Maitê Souza Pena, um bebê que nasceu com uma cardiopatia grave e precisa fazer uma cirurgia. O plano de saúde só cobre parte dos custos, por isso o bloco resolveu apoiar a causa e ajudar a criança. O enredo “Elkin Jong x Trumpelka e a Batalha Mais Animada do Carnaval”, composição de Paulo Oliveira, Tiago Lobato e dos Padrinhos da Ala dos Compositores do Elka, foi gravado no Rio de Janeiro, com a interpretação de Dominguinhos do Estácio e participação da bateria da Beija-Flor, para embalar os foliões do bloco. “Até hoje vemos o Bloco Elka como uma confraternização de amigos e por isso não é um bloco comercial. Em 2007, quando começamos, não havia mais carnaval de rua em Belém, exceto o (bloco) Império Romano, que sai na época de Natal. Queríamos reviver essa folia. Outra razão é a proposta musical, somos um bloco de carnaval e não ‘mais uma festa’. Portanto, nossa musicalidade está fundamentada no samba, samba enredo, marchinha e outras bossas, desde que estejam no ritmo carnavalesco. Temos todo ano um tema e em cima disso desenvolvemos as camisas, a comunicação visual do bloco e o samba enredo inédito”, explica o padrinho do bloco. Na folia Bloco Elka |
(Aline Rodrigues/Diário do Pará com colaboração de Bruna Dias/DOL)
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