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Imagens do projeto do 'Bar do Parque' dividem opiniões

Quatro meses após a reinauguração da Praça da República – após quase dois anos de reforma –, um de seus espaços mais emblemáticos, o histórico Bar do Parque, permanece fechado. E pode ser que não reabra tão cedo. Alvo de polêmicas desde que a Prefeitura

Quatro meses após a reinauguração da Praça da República – após quase dois anos de reforma –, um de seus espaços mais emblemáticos, o histórico Bar do Parque, permanece fechado. E pode ser que não reabra tão cedo. Alvo de polêmicas desde que a Prefeitura Municipal decidiu destituir a família que era permissionária do bar há mais de 50 anos e que uma licitação deu o direito de exploração à empresa Rockfeller Ltda, conhecida por manter uma barbearia, pouco se sabe ainda sobre no que se transformará o antigo lugar da boemia belenense. Mas imagens de um projeto assinado pelo escritório do arquiteto Helder Coelho que caíram nas redes sociais indicam o Bar do Parque totalmente remodelado. As reações foram controversas, em diversos compartilhamentos.

O fotógrafo Bruno Pellerin, conhecido por vários registros feitos do Bar do Parque – que renderam até um livro – e defensor ferrenho da revitalização do espaço, divulgou uma ilustração digital em perspectiva que mostra o entorno do famoso quiosque com piso renovado, detalhes metálicos e, o que mais chamou atenção, uma cobertura em vidro.

O projeto de reforma do Bar do Parque - com adaptação para funcionar como um café - foi protocolado pelos novos permissionários, como exigência da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria de Urbanismo (Seurb). De acordo com a assessoria da Prefeitura, o projeto já passou pela apreciação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Fundação Cultural do Município (Fumbel), e aguarda ainda o aval também do Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Dphac/Secult). Isso porque o Bar do Parque é patrimônio protegido em diferentes esferas. Está no bairro da Campina e faz parte do entorno do Theatro da Paz,ambos tombados pelo Iphan, e integra o conjunto da Praça da República, tombada pelo Estado. Mas o quiosque em si é propriedade da Prefeitura Municipal de Belém.

Um embate movido a amor e ódio

Entre elogios e ressalvas, vários artistas e a população em geral continuam a comentar essa nova perspectiva de vida para o local histórico. “O antigo Bar do Parque era um caso de saúde pública, não tinha mais nenhum resquício dessa nostalgia dos anos 1970/80. Apesar de não ter gostado muito desse projeto, era preciso mesmo uma intervenção”, observou o pesquisador e artista visual Ramiro Quaresma.

“Essa cobertura não tem nada a ver. É horrível, parece o shopping da Tina Pepper no ‘Cambalacho’!”, comparou o cantor Luís Girard, dando a deixa para que outro internauta defendesse a nova proposta, comparando com a pirâmide de vidro incorporada ao Louvre, em Paris.

O arquiteto Flávio Nassar, coordenador do Fórum Landi (projeto ligado à UFPA criado para pensar a preservação do Centro Histórico de Belém), também divulgou as imagens do “novo Bar do Parque”, mas preferiu lançar questionamentos: “Será que vai certo? Será que é para a Praça da República real? Ou é para uma Belém fictícia?”.

Enquanto alguns, como Pellerin, apenas torcem para que a reabertura seja logo: “O mundo cultural, a classe artística e povo de Belém vão ficar felizes de ir de novo no Bar do Parque para bater papo, a nova boemia do bar. Estou muito feliz!”, declarou o fotógrafo.

Houve elogios: “Belíssimo, o antigo e o contemporâneo em harmonia!”; “O projeto tá lindo, sim. Engraçado que se fosse em outra cidade, todos os paraenses achariam lindo, iriam e no local tirariam selfies e postariam nas redes sociais”; “O Bar do Parque era horrível, agora, quem sabe as pessoas possam ir ao local sem sentir medo ou nojo”; “Vamos combinar que ninguém cuidava. Nem órgãos do governo, comerciantes e usuários. Não achei lindo, mas vamos tirar as conclusões frequentando”.

Mas também muitas críticas: “Estão matando nossa memória arquitetônica, isso é uma afronta ao povo e à cultura. Ao cobrir com todo requinte, fechou o livre ambiente nostálgico e boêmio, a beleza natural, fechou a visão, é uma interferência que descaracteriza todo o conjunto da arquitetura original”, opinou um.

“Não gostei... descaracterizou...acho que restaurar, revitalizar não é descaracterizar... E sim, tá com cara de anexo da Estação das Docas”, alfinetou outra pessoa, enquanto outros reforçavam que as mudanças significarão elitização de um espaço até então popular: “Um bar que era encontro da boemia paraense não passará de um simples café para as dondocas e playboys”, disse um. “A regra é: não cuidar para descaracterizar e gourmetizar”, completou outro.

Por telefone, os novos administradores do Bar do Parque afirmaram que não vão comentar as mudanças. Nas palavras do empresário Fauzy Gorayeb, da Rockfeller, a empresa só falará sobre o projeto “no decorrer do projeto” – embora uma postagem feita por ele ainda no ano passado pedindo currículos de trabalhadores para o empreendimento inclua vaga para “agente de portaria”, o que confirma a intenção de tornar o Bar do Parque um espaço fechado. Fauzy também preferiu não informar nem mesmo quando a obra começa ou se há previsão para o bar ser reaberto.

De acordo com Giovanni Blanco, técnico em arquitetura do Iphan, foi realizada vistoria técnica e reunião no próprio Bar do Parque com representantes (arquitetos) da Fumbel, Secult, Iphan e Seurb, em dezembro de 2017, para discutir o projeto e propor alterações no anteprojeto arquitetônico apresentado. Isso tudo, destaca, “visando a preservação da ambiência do Theatro da Paz e da Praça da República”.

Entre as mudanças no projeto original apresentado, Giovanni explica que foi recusado o fechamento lateral de uma estrutura metálica prevista para a plataforma ao lado do Bar do Parque, bem como foi exigido que fosse colocado vidro incolor na cobertura dessa estrutura e uma cor de acabamento que não ocasionasse impacto visual ao entorno, neste caso, as mangueiras e o teatro.

Tem gente apostando que o convívio com as mangueiras não será fácil: “Quero é ver as mangas caindo neste teto... Ou vão cortar a mangueira? Sei não, mas interferiu demais na essência do bar”, opinou o ator e diretor teatral Marton Maués.

Mas, segundo o arquiteto do Iphan, a preservação da ambiência foi determinante para a aprovação desse projeto. “Por isso, a necessidade da estrutura metálica com poucos apoios verticais, sem fechamentos laterais e cobertura em vidro laminado incolor, tudo de maneira a caracterizar a reversibilidade dessa obra e não impedir a visibilidade - ainda que parcial - da lateral do teatro”, afirma Giovanni.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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