Mais de 8.100 atendimentos foram feitos nas Terras Indígenas Xikrin e Gavião durante ação de saúde mental e outros serviços médicos entre os dias 8 e 13 de dezembro. A iniciativa é da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), por meio do governo do estado, através do Programa Saúde Por todo o Pará, com apoio da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), juntamente com o Hospital das Clínicas Gaspar Vianna, Universidade Federal do Pará (UFPA) e Distrito Sanitário Especial Indígena do Guamá Tocantins (Dsei-Guatoc), vinculado ao Ministério da Saúde, do Governo Federal.
A ação começou na Aldeia Cateté, na Terra Indígena Xikrin, em Parauapebas, e passou também pela Aldeia Djudjeko, na mesma TI. Na primeira aldeia foram 1.039 atendimentos, na segunda foram 2.264.
Nos dias seguintes, a comitiva foi até a TI Gavião, em Bom Jesus do Tocantins, e houve uma ação itinerante nas aldeias Kyikatêjê, Parkatejê, Kriamretijê, e Metyitikatejê. Ao todo, na TI Gavião foram 4.810 atendimentos. E a escolha destas aldeias em Bom Jesus do Tocantins para realização da ação foi estratégica pela coordenação do projeto.
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A TI Mãe Maria foi atingida recentemente por diversos incêndios, que prejudicaram a lavoura da região e destruíram parte do território. Além disso, a saúde dos moradores ficou prejudicada pela inalação de fumaça durante semanas. Esses fatores foram apurados após visita técnica em relação aos danos causados aos indígenas diretamente afetados pela estiagem e queimadas na região.
“Eu achei uma ótima ação, porque a nossa comunidade enfrentou os incêndios de frente e respiramos muita fumaça, tivemos muitos problemas depois disso. Eu vim fazer exames de coração. Como não costumo fazer, em uma ação como essa aqui no território a gente precisa aproveitar”, disse Jakukreipeti Haraxare, fotógrafo e jogador de futebol.
“Aqui temos muitos indígenas atletas, que jogam no time aqui da aldeia e alguns sofrem problemas de saúde sem saber. Eu mesmo sofri uma lesão no joelho e agora estou fazendo exames pra ver se posso voltar ao time. Espero que voltem mais vezes para nos ajudar dessa forma”, declarou.
E ao lado dele, sentada em uma das cadeiras de espera da Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental e Médio Tatakti Kyikatêjê, estava Pjekawere Xine, 29 anos, professora que atua na mesma unidade onde era realizada a ação. Mas desta vez, ela não estava para lecionar e sim, para fazer uma bateria de exames cardíacos e aprovou a iniciativa.
“É muito importante para a comunidade. Não é sempre que temos oportunidade de sair e fazer esses exames. Então, trazendo até a aldeia fica muito bom, principalmente para os idosos que vivem aqui. Com a questão das queimadas ficamos muito prejudicados”, disse.
Saúde Mental
Entre as iniciativas atendidas na ação, houve um trabalho especial de atendimento psicológico. Foram oferecidos grupos terapêuticos, atividades lúdicas, atendimentos individuais, etc.
“A gente recebeu um pedido de saúde mental na TI Xikrin e dos atingidos pelas queimadas na TI Gavião. Trouxemos psicólogos, pneumologistas e outros serviços. Mas no Gavião, por ter queimado várias aldeias, verificamos que eles ficaram bastante afetados psicologicamente e demos encaminhamentos necessários. Algumas aldeias estão recomeçando. Foi muito importante a nossa vinda para a essa região. Considero que tivemos um grande avanço principalmente no aspecto mental”, disse Tatiany Peralta, da Coordenadoria Estadual de Saúde Indígena e Populações Tradicionais (CESIPT).
Além da saúde mental, foram fornecidos atendimentos especiais com pneumologistas, ginecologista, pediatras, farmácia, terapeutas ocupacionais, clínico-geral, exames cardiológicos, serviço social, exames laboratoriais, coordenação da pessoa com deficiência com passe livre, encaminhamentos médicos, entre outros.
Para Tatiany Peralta, encerrar 2024 com mais essa ação voltada para o público indígena, através do programa Saúde Por Todo o Pará, é a demonstração de que o governo do estado tem conseguido alcançar os objetivos voltados à saúde. “Fechamos o ano com um balanço positivo de territórios alcançados bem como certos de que o Programa Saúde Por Todo Pará nos Territórios Indígenas já é um marco na saúde do Estado do Pará em se tratando de populações tradicionais”, concluiu.
Ouvidoria
Além dos atendimentos de saúde, a Sepi forneceu atendimento de ouvidoria e foram levantadas demandas emergenciais dos moradores das aldeias visitadas. Entre as principais foram pedidos de saneamento básico, apuração dos incêndios provocados nos últimos meses na região e medidas de mitigação.
“Nós conversamos com as lideranças de três aldeias e recebemos denúncias de deficiência na coleta de lixo em algumas aldeias dos territórios. Segundo eles, algumas foram criadas e o município não receberia essas informações. A ouvidoria tomou conhecimento dos possíveis causadores dos incêndios na região, assim como registrou sugestões de mitigação em casos futuros. Vamos fazer um levantamento de a todas as demandas recebidas e iremos tomar as providencias”, assegurou Fábio Oliveira, ouvidor da Sepi.
A secretária Puyr Tembé elogiou a ação e reforçou a necessidade do atendimento específico à população indígena, principalmente os mais atingidos pelas queimadas. “As perdas durante esses incêndios foram irreparáveis e em muitos casos os indígenas precisaram recomeçar do zero porque perderam tudo. Nós, quanto Sepi, sempre iremos apoiar e levar junto com os demais órgãos ações como essa, para dentro dos territórios, assim como ouvir as demandas necessárias e fazer as articulações com governo federal, órgãos, instituições e as outras secretarias do governo do estado, para atendê-los”, afirmou.
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