Familiares de paciente do Hospital Materno Infantil em Marabá no sudeste paraense denunciam a morte de um bebê durante o trabalho de parto. De acordo com a família que reside no bairro Novo Horizonte núcleo Cidade Nova, houve negligência por parte da equipe que atendeu e fez o parto da paciente Luciane Gomes Araujo, de 35 anos. Situação aconteceu na madrugada desta quarta-feira (29).
A chegada de Eloá seria um presente de Ano Novo para a família. O bebê era esperado por todos com muita alegria. "A minha irmã foi induzida para ter o parto normal e deu descolamento de placenta na hora do parto e a criança nasceu sem sinais vitais", diz a irmã da paciente, Nayane Gomes. "Me disseram que fizeram todos os procedimentos, que tentaram reanimar por 40 minutos a criança mas ela não reanimou. Uma grávida que rompeu a bolsa às 3h50 da madruga, mais de 24 horas perdendo líquido, a criança está em sofrimento, fica sem oxigênio, não respira", conta.
Jaqueline, cunhada da paciente, faz um desabafo e diz que muitas outras famílias perderam seus entes queridos no Hospital Materno Infantil. "Nós temos que fazer alguma coisa porque já está passando do limite, são famílias que estão no mesmo sofrimento que nós, que filhos e mães morreram, criança fica órfã, mãe fica sem o filho e agora mais um", desabafou.
A família da paciente diz que vai mover uma ação contra o município e pede justiça. "Eu vou atrás, vamos atrás de todos os nossos direitos porque isso não pode acontecer, aqui está virando um verdadeiro açougue, minha irmã estava bem, minha sobrinha estava bem, a gestação dela foi perfeita, não tinha nada de anormal. Por que não fizeram cesárea nela, vendo que ela estava só sofrendo?".
HMI SE PRONUNCIA
A reportagem procurou a direção do Hospital Materno Infantil para falar sobre o caso da morte do bebê. De acordo com Fábio Oliveira, diretor técnico do HMI, houve uma ruptura prematura das membranas, conhecida popularmente como "rompimento da bolsa". "Quando a bolsa rompe e se tem a idade gestacional adequada a conduta é a resolução do parto, conduta ativa, segundo o protocolo de obstetrícia no mundo inteiro", declarou.
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"A conduta ativa pode ser ou via cesariana ou a indução ao parto normal. Aí é feito um exame chamado cardiotocografia, para ver se o bebê está bem ou não. Se o bebê estiver bem é induzido ao parto normal pois este é onde se apresenta menos risco para mãe e bebê", disse o médico. "Se der alterado é realizada a cesariana".
"O trabalho de parto é acompanhado de um partograma onde se vê a descida do bebê, a dilatação do cólo e o coraçãozinho do bebê batendo, a medição desse coração deve estar entre 120 e 160, o bebê tem que ir descendo e o cólo abrindo para evoluir ao parto normal.
No caso de Luciane Gomes Araujo, segundo o médico, estava ocorrendo tudo bem até o momento da saída completa, momento em que, segundo Dr. Fábio Oliveira, já havia uma ausência de batimentos cardíacos. "Segundo o médico que fez o parto, ele acredita que houve um descolamento de placenta, é quando a placenta se solta toda do útero e fica sem oxigenação para o bebê, e esse descolamento assim como pode ser no começo, pode ser no final do parto", declarou.
Ainda segundo Dr. Fábio Oliveira, de acordo com o prontuário médico de Luciane, o sangue que geralmente sai quando a placenta se solta e denuncia que alguma coisa não está indo bem, estava atrás da placenta, impossibilitando de se perceber qualquer alteração.
CESÁRIA
Indagado ao Dr. Fábio Oliveira, diretor técnico do HMI, se fosse feita cesária não haveria um risco menor, ele declara que não. "A cesária também tem seus riscos de morte materno-fetal e isso sempre vai ter infelizmente, nada na vida é 100%, mas posso garantir que essa paciente foi plenamente acompanhada e infelizmente não teve o desfecho normal que teríamos na grande maioria dos casos", relata. (Com apoio de Elioenay Brasil e James Oliveira, da RBATV)
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