O mês de março é dedicado às mulheres. É um momento de refletir sobre a luta e as conquistas delas, principalmente por igualdade e respeito. Durante muito tempo foi negado às mulheres o direito de assumirem posições de poder na sociedade. Isso gerou uma falta de representatividade, diferenças salariais, desrespeito aos direitos já adquiridos e ausência de políticas públicas específicas. Mas, cada vez mais elas avançam no mercado e mostram que lugar de mulher é de fato onde ela quiser.
Em Marabá, no sudeste do estado, elas lideram empreendimentos, não negócios individuais em si, mas empreendimentos comunitários, que trazem benefícios coletivos. Nesta primeira reportagem vamos conhecer a história de Gilmara Neves, que encontrou na costura um meio para alcançar a mudança de vida das mulheres de sua comunidade e fundou em 2019 o Projeto Social Comunitário de Empreendedorismo feminino Chita Chic Inspire – Moda com História, após curso de costureira apoiado pela Vale.
O objetivo do projeto é confeccionar roupas e acessórios tendo como base a chita, tecido com estampas de cores fortes e símbolo da cultura popular. “A chita foi o primeiro tecido fabricado no Brasil e tem toda uma história. Ela foi fabricada para vestir negros e escravos e nós em sua maioria, somos negros. Então, a gente escolhe esse tecido para resgatar as nossas histórias e através do que nós fazemos construir novas histórias”.
Treze mulheres fazem parte do projeto. O ateliê fica localizado no Bairro Laranjeiras, no Núcleo Cidade Nova. Algumas delas já estão empreendendo em suas residências desenvolvendo os seus próprios nichos e produtos.
“A essência do projeto é dizer que essa mulher pode desenvolver-se, gerar renda, que ela pode vestir o que ela quiser, que ela pode fazer o que ela quiser e principalmente ter uma ocupação”, afirma a ativista social.
O carro chefe do projeto são os vestidos, mas também são confeccionados no ateliê saias e blusas. Além de Marabá e região, as peças em chita são vendidas para clientes de outros estados, como Pernambuco e Minas Gerais. “Na nossa capital Belém, nossas clientes estão sempre nos empoderando, dizendo que vamos juntos resgatar a nossa história”.
Sustentável
O projeto é altamente sustentável e não deixa nenhum resíduo na natureza, pois tudo é (re) aproveitado. “O tecido é maravilhoso, tem a cara do Brasil, tem tudo a ver com a nossa região por ser algodão e mostra muito do que nós somos”, afirma Gilmara Neves.
A 4ª coleção do ateliê está prestes a ser lançada e traz o tema: “Brasileiríssima: entre flores e fios”. Esta coleção traz uma novidade, pois está agregando crochê, junto à chita.
“O que a gente vende todo valor é repassado para as meninas e a gente tira só o valor que é dos tecidos. Nesse primeiro momento a gente está fazendo muitos investimentos e eu tenho falado que a gente não está ganhando o que a gente quer ganhar e o que a gente merece ganhar, mas a gente acredita muito no poder da chita, no mercado e nas pessoas que olham o produto e compram, principalmente por ser um produto feito por mulheres”.
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Projetos futuros
Sobre os projetos para o futuro, Gilmara Neves afirma que sonha em construir um espaço maior para ajudar outras mulheres. “Nós estamos com um espaço de construção. Nesse projeto de construção, além do espaço para a gente vender os produtos, a gente vai ter um espaço comunitário, onde pessoas de outros projetos, mulheres que trabalham com outras atividades, como comida, artesanato, biojias vão poder estar aqui com a gente em feirinhas que vão acontecer, momentos de troca, de lazer, como leitura, debate sobre assuntos, principalmente no combate a violência a mulher”.
Isabel Batista Nascimento, de 55 anos, é uma das integrantes do Chita Chic. Ela contou que tinha vontade de aprender a costurar quando mais jovem, mas não tinha muito tempo, pois tinha que cuidar do marido e da filha. Ela fez um curso de costura com as outras integrantes do projeto e se apaixonou pela profissão. “Hoje me sinto muito fez em participar do projeto”, afirma.
Documentário
Neste sábado (4), às 19h, será exibido o documentário Fio de Afeto, que conta a história de Gilmara Neves e de outras mulheres do país que ajudaram a combater a pandemia com confecção de máscaras.
A exibição será no Centro Cultural Cine Marrocos, localizado na Travessa Lauro Sodré, 228, na Marabá Pioneira. A entrada é gratuita. Após a exibição haverá um roda de conversa.
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