
Uma série de apreensões feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas rodovias BR-230 e BR-155, no sudeste paraense, apontam para um elo preocupante entre o garimpo ilegal, o desmatamento e o comércio clandstino de madeira e carvão vegetal.
As ocorrências, registradas entre o fim de junho e o início de julho de 2025, revelam que Marabá tem se consolidado como corredor logístico para escoamento de produtos florestais retirados de forma irregular. Parte significativa desse material teria origem em áreas degradadas por garimpo.
Confira as principais apreensões realizadas:
- 📌No dia 24 de julho de 2025, por volta das 23h15, a PRF flagrou um caminhão transportando 66 mdc de carvão vegetal nativo sem Guia Florestal. O veículo, o condutor e a carga foram encaminhados à SEMMA de Marabá para as providências legais.
- 📌No início da manhã do dia 24 de julho de 2025, por volta das 6h30, um caminhão foi flagrado pela PRF transportando 33 metros cúbicos de madeira serrada sem documentação, às margens da BR-230, no km 140, em Marabá (PA). O condutor admitiu não possuir nota fiscal nem Guia Florestal. Diante da irregularidade, foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), e o veículo, juntamente com a carga, foi encaminhado ao depósito da SEAGRI para que a SEMMA adote as medidas ambientais cabíveis.
- 📌 Na tarde do dia 23 de julho de 2025, por volta das 16h40, a PRF interceptou três caminhões parados às margens da BR-230, no km 246, em Novo Repartimento (PA). Durante a fiscalização, foi constatado o transporte irregular de 196 metros cúbicos de madeira serrada sem documentação. Os condutores admitiram não possuir nota fiscal. Diante da infração, foram lavrados Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs) e os veículos, junto à carga, foram encaminhados à SEVOPE de Marabá para que o IBAMA adote as providências cabíveis.

- 📌Na tarde de 23 de julho de 2025, por volta do meio-dia, a Polícia Rodoviária Federal abordou um caminhão Volvo branco no km 129 da BR-230, em Marabá (PA). Durante a fiscalização, os agentes constataram o transporte de 51 metros cúbicos de madeira serrada. O condutor apresentou uma Guia Florestal (GF) com dados inconsistentes e data vencida. Diante da irregularidade, foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), e tanto o veículo quanto a carga foram encaminhados ao depósito da SEAGRI de Marabá, onde o SEMMA dará continuidade aos procedimentos ambientais cabíveis.
- 📌 Um caminhão carregado com 42m³ de madeira serrada foi apreendido nesta quarta (24), no km 338 da BR-155, em Marabá. Durante a fiscalização, a PRF constatou que a carga apresentava volume acima do declarado e espécies não listadas na documentação florestal. O condutor recebeu um TCO, e a carga foi encaminhada à SEVOP para procedimentos da SEMMA.
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De acordo com a PRF, os dados reforçam uma tendência: áreas desmatadas para garimpo ilegal têm sido posteriormente utilizadas para extração clandestina de madeira e produção de carvão vegetal.
As ações contam com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Marabá (Semma) e do Ministério Público Estadual, que investigam os responsáveis pelos empreendimentos e transportadoras envolvidas.
A PRF informa que as operações continuarão nas próximas semanas e que todos os envolvidos nas ocorrências responderão por crime ambiental, transporte de produto florestal sem documentação, excesso de carga e, quando for o caso, falsidade ideológica.
Segundo o engenheiro ambiental Mateus do Carmo rocha, que atua como Coordenado de Fiscalização Ambiental, a situação aponta para um problema estrutural. “Essas rotas estão sendo usadas há anos, mas agora há mais tecnologia para fiscalizar. A questão é ampliar a repressão e controlar melhor as áreas degradadas pelo garimpo.”
Enquanto isso, caminhões seguem sendo interceptados diariamente nas rodovias paraenses — carregando consigo não apenas madeira e carvão, mas também os rastros de um sistema de exploração predatória que ameaça a floresta e seus recursos.
Destino da madeira apreendida
Além de combater o desmatamento ilegal, o projeto também promove o uso sustentável dos recursos apreendidos, beneficiando diretamente a agricultura familiar local. A ação conjunta da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) com o Ministério Público garante que a madeira, antes destinada à exploração clandestina, seja reaproveitada para fortalecer a produção rural nos assentamentos.

A iniciativa contribui para o desenvolvimento econômico da região, impulsionando cadeias produtivas como a do cacau, açaí, maracujá e pitaia, ao mesmo tempo em que reforça a conscientização ambiental e o uso responsável dos recursos naturais.
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