O mundo inteiro está acompanhando a tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul nas últimas semanas. As chuvas intensas alagaram praticamente todo o estado, resultando em uma tragédia sem precedentes. Casas e veículos ficaram debaixo d’água, em uma cena que lembra muito os filmes apocalípticos de Hollywood. Infelizmente, desta vez o acontecimento é real e os prejuízos já estão sendo contabilizados.
A tragédia sem precedentes causou pelo menos 148 mortos e afetou mais de 2 milhões de pessoas, deixando bairros inteiros embaixo d'água em mais de 400 municípios, resultando milhares de desabrigados. Enquanto a segurança das pessoas e animais continua sendo a maior preocupação, as imagens dos veículos destruídos amontoados após terem sido levados pela água também chocam e levantam questões sobre o destino desses carros.
As chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul afetaram (e muito) o setor automotivo. Para se ter uma ideia, calcula-se uma “perda total” de praticamente 200 mil veículos.
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Após a água baixar, um dos desafios será o gerenciamento desse "mar de carros" que as enchentes deixaram para trás. A experiência de outras grandes catástrofes naturais dá uma visão sobre o que pode acontecer.
A primeira etapa envolve a remoção desses veículos das áreas inundadas, um processo que exige uma coordenação logística extensa com maquinário pesado e múltiplos órgãos governamentais e de emergência. Os veículos são então levados para locais onde serão avaliados.
Por exemplo, após o Furacão Katrina, em 2005, mais de 400 mil veículos foram afetados pelas águas em Nova Orleans e outras áreas da Costa do Golfo. A remoção de carros submersos tornou-se uma operação gigantesca, com veículos sendo tirados e encaminhados para reciclagem devido a danos irreparáveis. Um dos passos é a drenagem dos fluidos, para evitar a poluição do solo.
No Japão, o tsunami de 2011 levou a uma operação de limpeza de proporções sem precedentes, com milhares de veículos arrastados pelo mar ou destruídos pelas ondas. Um ano após a tragédia, que destruiu ou danificou gravemente cerca de 383 mil automóveis, 37 mil carros ainda aguardavam reciclagem, amontoados, nas províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima.
Um problema encontrado no país é que os carros só poderiam ser enviados para reciclagem com autorização do dono, mas em muitos casos a identificação dos proprietários foi impossível.
No caso do Rio Grande do Sul, ainda não se tem ideia da quantidade de veículos afetados, e nem da gravidade dos casos. A identificação dos proprietários dos carros deve ser uma prioridade quando as atividades começarem a ser retomadas nas cidades.
Os carros são inspecionados para determinar se podem ser recuperados ou se são considerados perda total. Os veículos irrecuperáveis, muitas vezes, são enviados para reciclagem. Este é um processo minucioso, no qual peças úteis são removidas e os materiais recicláveis são separados para minimizar o impacto ambiental. Metais são reciclados e componentes perigosos, como baterias e fluidos, devem ser descartados de forma segura.
Segundo Marcos Alexandre Lopes, coordenador de seguros no Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica, em alguns casos, o seguro automotivo pode ser acionado.
"O seguro busca proteger os veículos contra prejuízos, incluindo aqueles causados por catástrofes naturais, como as enchentes." Ele destaca a importância de entender as coberturas oferecidas pelas apólices, especialmente em áreas propensas a enchentes, e a necessidade de estar bem informado sobre os termos do seguro.
A cobertura de seguro de evento decorrente de enchentes pode variar dependendo da causa do evento. Algumas apólices podem não cobrir danos causados por enchentes originadas de causas naturais, enquanto outras podem excluir danos causados por falhas em sistemas de água ou esgoto.
A preocupação com o meio ambiente é central neste processo. A gestão adequada dos veículos não só limpa as áreas afetadas, mas também previne problemas ambientais adicionais e acúmulo de outros problemas, como focos de dengue, por exemplo. Essas medidas, apesar de serem secundárias diante das perdas humanas e materiais imensas, são essenciais para o bem-estar a longo prazo das regiões afetadas. (Paula Gama, do UOL)
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