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QUEDA DA PONTE

Rio Tocantins vive ameaça de dano ambiental, diz Fiocruz

De acordo com doutora em bioquímica e pesquisadora da Fiocruz, os resíduos tóxicos que caíram no rio, colocam em risco a vida aquática e comunidades ribeirinhas.

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Imagem ilustrativa da notícia Rio Tocantins vive ameaça de dano ambiental, diz Fiocruz camera Local onde houve o colapso com o resultado da queda dos caminhões nas águas do rio Tocantins | Ascom/Governo do Maranhão

Desde que aconteceu o colapso da estrutura da ponte que liga os estados do Maranhão e do Tocantins no último domingo (22), autoridades, pesquisadores e outras entidades tem acompanhado a situação, preocupados.

É que a queda de caminhões que transportavam 22 mil litros de agrotóxicos e 76 toneladas de ácido sulfúrico nas águas do rio Tocantins colocam em risco a vida aquática e comunidades ribeirinhas. Ainda não se sabe o tamanho do estrago, mas a ameaça é de dano ambiental extremo.

Os veículos atingiram o rio no colapso da ponte Juscelino Kubitschek, no último domingo (22) —há divergências no número de caminhões: o Ibama fala em dois, a ANA (Agência Nacional das Águas), em três, e a Defesa Civil de Estreito (MA), em quatro.

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"É um material extremamente danoso à maioria das espécies aquáticas. É muito possível ter mortalidades em massa no rio", diz a doutora em bioquímica e pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Rachel Ann Hauser-Davis.

Segundo a secretaria maranhense, as "substâncias químicas já [foram] confirmadas no local." Entretanto, não há detalhes se as cargas vazaram completamente ou não.

Nesta segunda-feira, a Defesa Civil de Estreito (MA) informou que coletas de água foram feitas e que o resultado deve sair ainda nesta terça-feira (24). Até lá, mergulhadores não têm entrado na água para dar início à inspeção e resgate de corpos e veículos. A ANA acionou a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para analisar as amostras coletadas.

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Segundo a ANA, 19 municípios correm risco de serem impactados, 11 em Tocantins (Aguiarnópolis, Carrasco Bonito, Cidelândia, Esperantina, Itaguatins, Maurilândia do Tocantins, Praia Norte, Sampaio, São Miguel do Tocantins, São Sebastião do Tocantins e Tocantinópolis) e oito no Maranhão (Campestre do Maranhão, Estreito, Governador Edison Lobão, Imperatriz, Porto Franco, Ribamar Fiquene, São Pedro da Água Branca e Vila Nova dos Martírios).

Por precaução, os sistemas de abastecimento das cidades que recebem água do rio estão suspensos até que se avalie as condições.

Ainda é cedo para medir impacto

Segundo a pesquisadora Rachel, como o acidente ocorreu a menos de 48 horas, ainda é cedo para saber ou mesmo se observar os impactos do derramamento.

"No começo, os principais efeitos detectáveis seriam as mudanças químicas e físicas da água, que são mais rápidas. Os impactos ecológicos seriam mais para a frente, com alguns animais mais sensíveis sendo afetados primeiro", diz.

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Ela explica que o rio tem uma extensão de 2.450 km e uma vazão média de aproximadamente 11.000 m³/s —mas varia ao longo do seu curso. É o segundo mais extenso em território 100% brasileiro, atrás apenas do rio São Francisco, com 2.800 km, segundo dados da ANA.

Pode ser pouco [o derramamento] a longo prazo, que deve ser diluído rapidamente. Porém, nas áreas mais próximas, o pH pode cair drasticamente, afetando a fauna e a flora aquáticas. São efeitos extremamente danosos. - Rachel Ann Hauser-Davis.

Ainda não se sabe o tamanho do estrago, mas a ameaça é de dano ambiental extremo
📷 Ainda não se sabe o tamanho do estrago, mas a ameaça é de dano ambiental extremo |Ascom/Governo do Maranhão

Rachel ainda alerta que, a princípio, o que mais a preocupa são os pesticidas que "podem causar danos mais severos do que o ácido a longo prazo".

"Eles se incorporam mais rapidamente em organismos expostos e têm um impacto muito mais severo e persistente no ambiente e na saúde dos organismos ao longo do tempo", relata.

Segundo a pesquisadora, se a carga não vazou, há outros efeitos também negativos possíveis.

Comunidades já temem contaminação

Segundo Evandro Rodrigues, agente da CPT (Comissão Pastoral da Terra) no Tocantins, existe uma grande preocupação com comunidades ribeirinhas que vivem à margem do rio e próximo ao local da tragédia.

"A gente está dialogando para tentar criar alternativas emergenciais para essa questão do possível envenenamento dos rios", diz. (Carlos Madeiro, UOL)

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