
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, na última semana, o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial do Brasil. A infecção foi registrada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, e causada pelo vírus influenza H5N1, considerado de alta patogenicidade – ou seja, de rápida disseminação entre as aves.
A detecção do vírus em um plantel comercial acende um alerta em todo o território nacional, sobretudo por possíveis impactos econômicos. O Brasil é o maior exportador e o terceiro maior produtor de carne de frango do mundo. Somente em 2024, o país exportou 5,294 milhões de toneladas da proteína, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“O grande problema da gripe aviária são as aves migratórias, pois transportam o vírus naturalmente. Um pardal, por exemplo, pode migrar da América do Sul à América do Norte carregando o vírus”, explica o professor e pesquisador Fernando Tavares, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
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Embora a gripe aviária não seja transmitida para humanos por meio da ingestão de carne ou ovos, a circulação do vírus preocupa pela possibilidade de contaminação de criadouros comerciais. Para conter o avanço da doença, o Mapa pode interromper temporariamente as exportações brasileiras, conforme os protocolos sanitários internacionais.
Medidas de prevenção
No Brasil e no Pará, a maioria das criações avícolas ocorre em sistemas confinados, o que reduz os riscos de contaminação. No entanto, áreas próximas ao litoral, onde há intensa migração de aves silvestres, exigem atenção especial, incluindo pequenas criações rurais.
“Se um animal infectado defeca sobre a ração, as outras aves podem se contaminar. E humanos também carregam o vírus em sapatos, roupas e veículos. Por isso, há medidas rígidas de biossegurança em criadouros comerciais”, alerta Tavares.
Caso uma propriedade registre um caso positivo, o protocolo exige a eutanásia de todas as aves do local e a imposição de quarentena.
Situação no Pará
Até o momento, o Pará não registrou nenhum caso de gripe aviária. Para manter o estado livre da doença, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adepará) realiza ações de vigilância em 268 granjas comerciais e também na avicultura de subsistência. Em 2024, já foram feitas 1.509 inspeções em criações domésticas e 267 em unidades industriais.
Além disso, todos os produtores rurais devem atualizar o cadastro de suas propriedades junto à Adepará até o dia 13 de junho. A declaração é obrigatória e deve incluir todas as espécies criadas, como aves, bovinos, suínos, ovinos, caprinos, entre outros.
A medida atende às exigências do Código Sanitário dos Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que exige a individualização e localização das propriedades para garantir o controle e a resposta rápida em casos de surtos sanitários. O descumprimento pode gerar penalidades previstas na Lei Estadual nº 6.712/2005.
Recomendações à população
A Embrapa reforça que a vigilância de fronteiras, aeroportos e portos é de responsabilidade dos órgãos oficiais de defesa sanitária animal. A população deve comunicar qualquer suspeita de morte anormal de aves, especialmente silvestres, aos canais da Adepará ou Ministério da Agricultura.
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