
A crescente popularidade de medicamentos como Ozempic e Wegovy, conhecidos como "canetas emagrecedoras", tem levantado um alerta entre especialistas da saúde. Com o aumento do número de usuários, novos e preocupantes efeitos colaterais estão vindo à tona, somando-se aos já conhecidos.
Esses fármacos, à base de semaglutida ou GLP-1, são amplamente utilizados para controle de peso e diabetes. Efeitos adversos como náuseas, diarreia, problemas digestivos, alterações de humor e visão já são comumente relatados. No entanto, o que tem gerado maior apreensão entre os profissionais de saúde são os casos de doenças graves que surgem após o uso prolongado dos medicamentos.
A médica e professora Penny Ward, da King's College London, no Reino Unido, expressou sua preocupação em entrevista à DW: "Os efeitos colaterais mais preocupantes incluem pancreatite e impactos em distúrbios musculoesqueléticos." A comunidade médica acompanha de perto esses desenvolvimentos para entender melhor os riscos associados ao uso contínuo dessas "canetas emagrecedoras".
Veja também:
- Veja aqui a lista dos veículos que ficarão mais baratos no Brasil!
- Número de brasileiros traficados para atuar em bets preocupa
- Cientistas descobrem larvas que podem comer plástico, veja!
Ozempic e Wegovy: por que aumento de popularidade traz efeitos colaterais novos
A professora explicou o que a popularidade crescente de medicamentos como Ozempic tem a ver com o surgimento de efeitos colaterais até então desconhecidos. Em suma, pacientes na vida real tendem a enfrentar efeitos mais variados (e em maior número) após ensaios clínicos.
“Efeitos colaterais mais raros podem surgir à medida que mais pacientes usam esses medicamentos na prática clínica, simplesmente pelo número muito maior de pessoas tratadas do que o incluído nos testes clínicos”, disse Penny. “Por isso continuamos monitorando a segurança dos medicamentos após sua chegada ao mercado.”

Um estudo publicado na revista Nature Medicine em janeiro de 2025 analisou sistematicamente os riscos à saúde relatados por mais de 215 mil pessoas que usaram semaglutida para tratar diabetes.
Os pesquisadores identificaram riscos além dos já conhecidos nos testes clínicos, como um aumento de 11% no risco de artrite e um aumento de 146% no risco de pancreatite. Também foram observados riscos maiores de pressão arterial baixa, tontura ou desmaio, pedras nos rins e inflamação renal.
O estudo também destacou os já conhecidos riscos de distúrbios gastrointestinais. Isso reforçou diversas pesquisas anteriores que mostraram maior incidência de efeitos colaterais digestivos.
‘Canetas para emagrecer’ também trazem benefícios para pacientes
Por outro lado, pesquisadores têm descoberto efeitos colaterais considerados benéficos em relação ao uso de medicamentos como Ozempic e Wegovy.
Estudos mostram que o uso deles está associado a um risco reduzido de demência e Alzheimer, por exemplo. Pesquisadores também investigam se esses medicamentos podem ser usados para tratar transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Já o estudo publicado na Nature em janeiro apontou uma redução nos riscos de distúrbios de coagulação sanguínea, problemas cardiorrenais e metabólicos, além de várias doenças respiratórias em pacientes diabéticos que usam semaglutida.
Apesar das preocupações com novos efeitos adversos desse tipo de medicamento, a neuroendocrinologista Karolina Skibicka, da Universidade de Calgary (Canadá), afirma que “ele tem o potencial de salvar e melhorar muitas vidas”.
“A lista de benefícios desse medicamento, quando usado conforme a prescrição, ainda é significativamente mais longa e impactante do que os riscos”, disse ela ao DW.
Mais pesquisas
Especialistas afirmam que muitos estudos em populações representativas são necessários para entender melhor os efeitos colaterais dos medicamentos GLP-1. E os riscos reais que elas oferecem aos pacientes.
“Por exemplo, precisamos de mais dados sobre pessoas que tomam o medicamento para obesidade, que exigem doses maiores do que as usadas no tratamento do diabetes e o utilizam por mais de dois anos”, disse Karolina.
Além disso, a neuroendocrinologista reforçou a necessidade de incluir pacientes mulheres nas pesquisas. “As mulheres apresentam efeitos colaterais únicos a muitos tratamentos farmacológicos, e ainda assim continuam sub-representadas em várias etapas dos estudos clínicos.”
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar