A importância econômica e a geração de emprego na indústria bateram recorde no Pará em 2022. O resultado tem forte influência da indústria extrativista, uma das maiores do Brasil. Isso é o que aponta o “Boletim da Indústria Paraense 2023”, desenvolvido pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). O estudo traz o que há de mais recente em números sobre a atividade industrial na região.
No ano passado, a indústria paraense chegou a ser afetada pelo impacto da pandemia, já que a China, como maior compradora do minério paraense, sofreu duras restrições e viveu uma crise no setor imobiliário. Ainda assim, no geral, a indústria do Estado teve desempenho melhor que a indústria brasileira, impulsionada, principalmente, pela extração do minério de ferro, de intensa comercialização externa.
“Por representar uma fotografia precisa da conjuntura e uma visão da estrutura desse setor, o Boletim da Indústria se torna uma publicação tão importante a cada ano. Podemos dizer que funciona como uma verdadeira bússola para elaboração e execução de políticas públicas e decisão em investimentos da iniciativa privada, possibilitando a compreensão panorâmica desse setor”, avalia Marcio Ponte, diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac) da Fapespa, responsável pelo levantamento.
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Todas as atividades industriais do Pará cresceram em participação no PIB, mas a indústria extrativa foi além. Desde 2008, o setor tem se destacado, alcançando a sua maior participação sobre o PIB paraense em 2020, com 26,8% de contribuição. Neste mesmo ano, a indústria atingiu 39% de participação no PIB estadual, o maior nível já registrado na série histórica.
LOCAL
Para identificar as regiões com maiores índices de atividade industrial, o boletim traz uma análise do consumo de energia elétrica. Quanto maior o consumo, maior a atividade. No ranking, destaque para a Região de Integração Carajás, que em 2021 representou 26,8% do total de energia consumida. Nas outras colocações vêm Guajará, Tocantins e Guamá. As quatro regiões, juntas, representam 70,3% do consumo total de energia elétrica da indústria paraense. Em relação aos municípios, Marabá, Belém e Barcarena são os três maiores em atividade industrial.
O estudo destaca, ainda, a quantidade de estabelecimentos com atividades industriais por município. Belém, Parauapebas e Ananindeua despontam com as maiores concentrações. Contudo, os municípios que mais cresceram em um ano foram Itaituba, Parauapebas e Barcarena.
Os pequenos negócios são parte importante nesse quantitativo. No estado do Pará, foram identificados 87.135 pequenos empreendimentos industriais até julho de 2023. Deste total, 39.917 são microempreendedores individuais (MEIs) e 47.218 são empresas de pequeno porte (EPPs) e microempresas (MEs). A maior predominância é da atividade de fabricação de produtos de padaria e confeitaria, com 5.384 empreendimentos.
Considerando a importância da agroindústria no setor industrial para o beneficiamento, transformação e processamento dos produtos rurais, o boletim incorpora um panorama deste segmento. As análises estatísticas giram em torno de 90 atividades pertencentes ao setor.
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Com isso, foi possível constatar que as principais atividades agroindustriais no ano de 2021 foram “fabricação de móveis de madeira”, “fabricação de conservas de frutas” e “fabricação de laticínios”. O grande crescimento dentre as atividades, em 15 anos, foram “fabricação de conservas de frutas”, com aumento de 332,1%, “fabricação de sucos concentrados de frutas, hortaliças e legumes”, com variação de 169,2%, e “fabricação de gelo comum”, com crescimento de 106,3%. Essas atividades se concentram nos municípios de Castanhal e Belém.
O boletim mostra uma perspectiva de futuro no setor agroindustrial. Considerando vários aspectos, as estatísticas indicam Bonito como o município que vem apresentando maior crescimento. O fenômeno está relacionado, principalmente, à atividade de “fabricação de óleos vegetais refinados (exceto óleo de milho)”, um segmento industrial relevante para o desenvolvimento socioeconômico local. Ulianópolis e Água Azul do Norte aparecem em seguida no ranking de crescimento.
Os números indicam que, no último trimestre do ano passado, das 742 mil pessoas ocupadas no Estado, mais de 60% estavam na indústria geral, ou seja, 452 mil pessoas, um número que corresponde ao maior índice já registrado na série histórica. Belém, Parauapebas e Marabá concentram mais vínculos industriais, mas o maior crescimento nesse quantitativo aconteceu no município de Canaã dos Carajás, que aumentou em 90,2% o número de vínculos ligados à indústria de 2019 a 2021.
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A partir de cálculo desenvolvido pela Fapespa, foi possível delimitar o potencial de empregos indiretos para cada vaga gerada no setor industrial ao longo de toda a cadeia produtiva. Na indústria de transformação, por exemplo, os 92.592 mil vínculos diretos criados em 2021 geraram, aproximadamente, 340.739 mil empregos indiretos.
O estudo mostra que a indústria de transformação é o segmento de maior impacto na geração de empregos. A construção civil, com 72.239 mil vínculos diretos, fomentou a criação de cerca de 244.890 mil empregos indiretos. Em termos gerais, foi possível concluir que o setor industrial paraense esteve atrelado, direta e indiretamente, a cerca de 885.872 mil empregos no estado.
Os resultados do Boletim estão disponíveis no site da Fapespa. “O Boletim da Indústria traz um retrato sobre o crescimento do nosso Estado nos últimos anos e o papel de liderança na região com relação às exportações, principalmente, do minério de ferro. Também mostra uma particularidade: municípios que têm se destacado em outras atividades, como os óleos essenciais, importantes produtos da bioeconomia. Esses resultados positivos são espelhos da ação do governo do estado nesse novo paradigma de crescimento com sustentabilidade”, avalia o diretor-presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
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