As férias do verão amazônico trazem uma boa oportunidade de relaxar e curtir com a família, aproveitando o período das férias escolares. Mas para que o passeio e o lazer não terminem em acidente, é preciso tomar muito cuidado com animais peçonhentos, principalmente na região amazônica.
Em 2023, o Pará registrou 11.206 casos de acidentes com animais peçonhentos, dos quais 5.238 com serpentes; 3.679 com escorpião; 731 com aranha; 563 com arraia; 448 com abelha e 92 com lagarta. Já em 2024, até o momento foram registrados 4.996 acidentes, dos quais 2.617 com serpentes, 1.308 com escorpiões, 351 com aranhas, 224 com arraias, 214 com abelhas e 72 com lagartas.
Por isso, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) alerta a população que aproveita as férias de julho para redobrar os cuidados que evitam acidentes com animais peçonhentos, seja em balneários ou na zona rural. A maioria dos acidentes envolve serpentes, aranhas e escorpiões.
Veja também:
- Força-tarefa prende quatro traficantes no sudeste do Pará
- Vídeo: quem são as 4 vítimas de acidente em rodovia do Pará?
- Mistério: corpo é encontrado carbonizado em Marabá
Segundo a coordenadora Estadual de Zoonoses, Elke de Abreu, nesta época do ano as pessoas procuram descansar na praia ou no campo. “E é justamente esse contato mais próximo da natureza que contribui para acidentes com animais peçonhentos”, disse a coordenadora.
Atualmente, dados da Sespa apontam que 50% dos acidentes com animais peçonhentos envolvem serpentes, 30% escorpiões e 7% aranhas. E 90% dos acidentes com serpentes envolvem o gênero Botrops (a popular jararaca). "Portanto, todo cuidado é pouco em matas e locais que estão há muito tempo fechados, como casas de campo e veraneio", ressaltou Elke de Abreu.
Orientações - Para evitar acidentes com serpentes, a coordenadora orientou que as pessoas usem equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas de couro, botas de cano alto e perneira durante trilhas e passeios na mata, e também limpem áreas com acúmulo de lixo, terrenos e jardins. “Evite andar descalço, pois o uso de botas ou perneiras evita 80% dos acidentes”, ressaltou.
Os cuidados precisam ser redobrados, especialmente, próximo a rios e igarapés. “As crianças nunca podem ficar sozinhas nesses locais, pois em casos de ataque é importante observar as características dos animais para facilitar o procedimento médico e uso do soro antiofídico”, explicou Elke de Abreu.
Para prevenir acidentes no entorno das casas, a coordenadora ressaltou que é preciso manter terrenos limpos e a grama aparada, evitando acúmulo de lixo e restos de materiais de construção.
Aranhas e escorpiões - Para evitar picadas de aranhas e escorpiões, o correto é observar com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer. “Se encontrar animais peçonhentos afaste-se com cuidado, e evite assustar ou tocar neles, mesmo que pareçam mortos”, reforçou Elke de Abreu.
Ela também aconselhou a população a não colocar as mãos desprotegidas em tocas ou buracos na terras, troncos ocos de árvores, cupinzeiros e monturos de lenha ou pedras, e também debaixo de rochas.
Segundo Elke de Abreu, em residências fechadas por longos períodos a primeira atitude é abrir as janelas e portas para permitir a ventilação e troca de ar, e observar se há teias de aranha ou mofos nas paredes e tetos.
A orientação é inspecionar roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los; afastar camas e berços das paredes, e não deixar lençóis ou cobertores encostados no chão. “No deslocamento de móveis, devem ser usados sapatos fechados e luvas grossas”, informou.
Sem tratamento – Sobre acidentes com arraia, Elke de Abreu informou que esse animal é peçonhento, e não há soro contra seu veneno. As lesões costumam ocorrer quando uma pessoa pisa na arraia ao caminhar em rios ou águas marinhas pouco profundas. A arraia lança a cauda e crava espinho no pé ou na perna da pessoa, liberando a substância tóxica.
“No caso de acidentes com esse animal, a vítima precisa ser levada ao hospital para retirada do ferrão e do tecido necrosado. A vítima também precisa tomar vacina antitetânica e medicamentos para alívio dos sintomas, pois se trata de um acidente perfurocortante”, explicou a coordenadora.
Casos notificados –A Coordenação Estadual de Zoonoses recomenda que os profissionais de saúde notifiquem todo tipo de acidente com animais peçonhentos, mesmo que não seja utilizado tratamento soroterápico, pois esse tipo de acidente é de notificação compulsória.
O que fazer em acidentes com animais peçonhentos:
• Lave o local da picada com água e sabão, mantenha a vítima em repouso e procure atendimento médico imediatamente;
• Não amarre o membro acidentado e não corte, sugue ou aplique qualquer tipo de substância (como pó de café e álcool) no local da picada;
• Não ingira ou ofereça bebida alcóolica para o acidentado;
• Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados;
• Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo, cor e tamanho;
• As vítimas de serpentes obrigatoriamente devem tomar o soro antiofídico;
• As vítimas de aranhas e escorpiões devem ficar, no mínimo,12 horas em observação. Caso o quadro se agrave, deve ser feita a soroterapia;
• No caso de acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para alívio da dor, usar compressas geladas ou pacotes fechados de gelo (cold packs) envoltos em panos, e lavar o local com ácido acético (vinagre), sem esfregar a região;
• Remova os tentáculos aderidos à pele com pinça ou lâmina;
• Procure assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar.
Outras medidas preventivas:
• Evite pendurar roupas fora de armários;
• Limpe regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
• Vede frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
• Utilize telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
• Limpe terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas;
• Evite que plantas trepadeiras se encostem às casas, e que folhagens entrem pelo telhado ou forro;
• Faça o controle de roedores e combata insetos, principalmente baratas, que são alimentos para escorpiões e aranhas;
• Ao amanhecer ou entardecer, evite se aproximar de vegetação, como gramados ou jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade.
Serviço
Em caso de dúvidas quanto à espécie envolvida nos acidentes com animais peçonhentos, os profissionais de saúde podem entrar em contato com o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) pelos telefones: (91) 3201-6640/(91) 98519-8770 e WhatsApp (91) 98628-4585.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar