Ensino integral no Pará impulsiona protagonismo juvenil

Na Escola Estadual de Tempo Integral Irmã Dorothy Stang, em Jacundá, sudeste do Pará, a educação vai além das disciplinas tradicionais. É um espaço onde sonhos ganham forma, como o do estudante Daniel Rodrigues, 17 anos, que descobriu na poesia não apenas um talento, mas um projeto de vida. Com 60 poemas autorais e um livro prestes a ser lançado – “Uma Viagem ao Jardim dos Ecos” –, Daniel é um dos rostos da revolução educacional impulsionada pelo ensino integral no estado, que já atende 48 mil alunos em 162 unidades.

Do Projeto de Vida à publicação: a jornada de um poeta

Há três anos, Daniel era um adolescente tímido, apaixonado por matemática, até que as aulas de Projeto de Vida – disciplina obrigatória nas escolas integrais – e o Clube do Chá com Livro despertaram nele uma vocação literária.

“Os professores me incentivaram a participar de concursos, indicaram editoras e hoje tenho 100 poemas escritos. Meu livro nasceu aqui, entre debates literários e orientações”, conta o jovem, que teve poemas selecionados para antologias nacionais, incluindo a FLIP 2025.

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A professora Luciana Noleto Borges, responsável pelo clube de leitura, explica:

“O Daniel era um ‘cérebro’ da matemática, mas no clube descobriu a poesia. Esse é o poder do ensino integral: tempo para conhecer cada aluno e revelar potenciais.”

O modelo que multiplica oportunidades

O Programa de Ensino Integral (PEI) no Pará, gerido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), transformou a realidade educacional:

• Expansão: De 31 escolas em 2018 para 162 em 2025.
• Matrículas: Salto de 6 mil para 48 mil alunos.
• Estrutura: Salas de leitura, laboratórios e projetos como o Clube do Chá com Livro.

Francisco Vieira, diretor da escola Irmã Dorothy Stang, destaca:

“Aqui, os alunos não só aprendem conteúdos – aprendem a ser autores da própria história. O Daniel inspira outros 20 jovens que já escrevem poesias e romances.”

Clube do Chá com Livro: onde nascem os escritores

O projeto bimestral, que une literatura e debates, é um dos pilares do ensino integral na escola:

• Escolha coletiva: Alunos selecionam livros de interesse.
• Debates mediados: Discussões sobre obras literárias na sala de leitura.
• Resultados concretos: Publicação em antologias e participação em eventos como a FLIP.

“É no chá que a gente descobre os Daniels da vida”, brinca a professora Luciana, referindo-se ao poeta estudantil.

Impacto além das salas de aula

Para o Governo do Pará, o ensino integral é prioridade estratégica:

• Investimento: Ampliação de infraestrutura e capacitação de professores.
• Protagonismo juvenil: 80% dos estudantes desenvolvem projetos pessoais ou coletivos.
• Futuro: Meta é atingir 200 escolas integrais até 2026.