
Durante 13 anos, A., pedagoga de 45 anos, tentou salvar um relacionamento marcado por dependência emocional e financeira. Foram anos de tentativas, renúncias e silêncio, até que percebeu que era mais uma vítima de violência doméstica. “Agora eu consigo falar sobre o assunto”, relata, dois anos após a separação.
O momento decisivo veio quando as agressões passaram a afetar diretamente a filha, que presenciava os episódios. Apesar do medo e da culpa, A. procurou a delegacia para registrar um boletim de ocorrência. Em seguida, foi encaminhada à Fundação ParáPaz Mulher, em Belém, unidade especializada no acolhimento de mulheres em situação de violência doméstica, onde iniciou o acompanhamento psicológico.
“Quando decidi sair de casa por não aguentar mais, o agressor disse que ia alegar abandono de lar. Mesmo assim, procurei ajuda e fui muito bem acolhida, principalmente pela minha psicóloga. Foi com ela que comecei a entender tudo o que tinha vivido e o quanto precisava de ajuda. Se tivesse procurado antes, teria evitado muito sofrimento”, conta.
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Atualmente, A. está em um novo emprego e ainda enfrenta dificuldades financeiras, mas afirma se sentir mais forte e confiante para reconstruir a vida. “O trabalho desenvolvido pela Fundação ParáPaz é extremamente importante para nós, mulheres, que sofremos ou sofremos violência doméstica. Me ajudou a ter autoestima, a me enxergar como mulher que merece respeito e a não depender do outro para ser feliz”, afirma.
Rede de apoio e fortalecimento
A Fundação ParáPaz mantém unidades especializadas em Belém, Ananindeua, no distrito de Icoaraci e em Marituba. No interior do Estado, está presente em dez municípios: Altamira, Bragança, Breves, Marabá, Paragominas, Vigia, Santa Maria, Santarém, Tucuruí e Parauapebas. Em todos, mulheres vítimas de violência recebem acompanhamento psicológico gratuito.

Segundo Bruna Castelo Branco, assistente social e coordenadora da ParáPaz Mulher, em Belém, os tipos de violência mais comuns relatados são a psicológica e a moral.
“Existem inúmeros fatores que fazem com que elas não denunciem ou permaneçam no relacionamento, e os mais evidentes são a dependência financeira e emocional. Por isso, todas precisam ser orientadas a identificar os primeiros sinais de um relacionamento abusivo”, explica.
Além do acolhimento, a instituição oferece encontros, oficinas, cursos e encaminhamentos para a rede de serviços, além de planos de segurança pessoal e emocional. “Nosso objetivo é fortalecer essas mulheres, trabalhando autoestima, amor-próprio, autonomia financeira e também atuando na prevenção com campanhas, blitz educativas e palestras”, destaca Bruna.
Fonte: Agência Pará
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