O Brasil registrou 699 casos de feminicídio no primeiro semestre deste ano. Com média de quatro mulheres mortas por dia, o país chega a um recorde desde 2019, quando houve 631 casos entre janeiro e junho daquele ano. É o que mostram dados publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
João Vitor Alcântara, de 22 anos, gravou um vídeo com o celular e o enviou à mãe admitindo que havia acabado de matar a companheira, Rafaela Cristina Barroso da Silva, de 25 anos, após uma discussão em casa, em Santa Bárbara D’Oeste, no interior paulista. O crime ocorreu entre o fim da noite de domingo e início da madrugada da última segunda-feira (23).
“Mãe, eu matei a Rafaela, ela me tirou do sério, não é de hoje, é de sempre”, afirmou Alcântara no registro, enquanto é possível ver os pés da vítima, caída no chão, ensanguentada. “Tô indo embora, eu amo vocês, cuida da minha filha, fica com Deus, tchau mãe, eu amo vocês, eu amo todo mundo”, afirma o suspeito antes de interromper o vídeo, no qual é possível ouvir sons de uma criança ao fundo.
Ele usou o carro de Rafaela, para fugir da casa onde teria esfaqueado a vítima ao menos sete vezes, atingindo-a no tórax, cabeça e braços, de acordo com a Polícia Civil. Ambos estavam juntos há cerca de um ano e meio.
O veículo foi encontrado a cerca de três quilômetros de distância, batido em uma árvore. Dentro do carro, que estava com a porta do motorista aberta, a polícia encontrou a possível faca usada no feminicídio (quando uma vítima é morta por ser mulher), além do documento de identidade de Alcântara, que estava foragido.
Rafaela chegou a ser encaminhada ao pronto-socorro, onde não resistiu aos ferimentos. Ela deixa cinco filhos, incluindo uma menina de 10 meses que teve com o suspeito.
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“Relacionamento conturbado”
Durante o registro do boletim de ocorrência, o irmão de Rafaela, Cleiton Gonçalves de Souza, de 34 anos, foi à delegacia do interior paulista, onde afirmou que a irmã e o suspeito mantinham um relacionamento “conturbado” há cerca de um ano e meio.
Em agosto do ano passado, acrescentou o parente, Rafaela foi vítima de lesão corporal e ameaça por parte de Alcântara, preso em flagrante. Contra ele foi expedida, na ocasião, uma medida protetiva de urgência.
A vítima, no entanto, ainda de acordo com seu irmão decidiu dar “uma nova chance” para Alcântara, com o qual reatou o relacionamento, “sempre conturbado devido a ciúmes excessivo por parte de João Vitor”, diz trecho do relato do familiar de Rafaela.
A Secretaria da Segurança pública (SSP) e São Paulo afirmou que o caso foi registrado como feminicídio e encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher da cidade do interior, que investiga o crime.
O veículo e a faca encontrados foram apreendidos e serão periciados.
“Diligências seguem em andamento para localização do autor e esclarecimento dos fatos”, diz trecho de nota da pasta.
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