A Polícia Federal cumpriu na manhã desta quarta-feira (16) mandados de busca e apreensão na casa de suspeitos em quatro estados da federação: Pará, Piauí, São Paulo e Tocantins. O cumprimento dos mandados faz parte da quarta fase da Operação Passe Livre, que tem por objetivo desarticular esquema criminoso responsável por fraudar vestibulares para ingresso em cursos de medicina de faculdades particulares. O grupo resolvia provas para candidatos pelo custo de R$ 2 mil.
O fato se tornou conhecido, principalmente em Marabá no sudeste paraense, onde o principal suspeito realizou a maior parte da fraude. Os mandados foram cumpridos em pelo menos 27 locais e residências de alto padrão em Marabá, de estudantes do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará (Facimpa), localizada na Folha 32, Nova Marabá. Intimações foram entregues também na sede da faculdade.
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A investigação é desdobramento das fases anteriores da Operação Passe Livre (deflagrada em fevereiro) que desvendou fraudes ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2022 e 2023. As investigações partiram de dados encontrados no celular apreendido de André Rodrigues Ataíde, alvo das Operações Passe Livre I e II, que estaria no centro de um esquema de aprovação ilegal para o curso de medicina na Universidade do Estado do Pará (UEPA) e também na Facimpa.
De acordo com a PF, a princípio não há nenhum indicativo da participação das faculdades particulares nos crimes investigados, sendo neste estágio da investigação tratadas com vítimas da prática dos crimes e das vulnerabilidades dos sistemas aliado as habilidades dos criminosos em burlarem as provas online.
Durante a análise dos materiais apreendidos foram identificados, até agora, 63 investigados e provas fraudadas em quatro Estados da Federação.
A fraude consistia em burlar o sistema de segurança das provas de vestibulares online de várias faculdades de medicina, permitindo, por exemplo, que terceiros tivessem acesso às questões das provas.
Em outros casos, um dos investigados realizava as provas no lugar dos beneficiários da fraude. Foram identificadas situações em que o grupo chegou a fraudar provas para nove candidatos simultaneamente, utilizando-se de vários associados para resolver as questões da prova.
PROVAS
Através de comprovantes de transferências bancárias - pagamentos relativos à compra da resolução das questões das provas. Os valores pagos pela realização das fraudes eram divididos entre os responsáveis por resolver ilicitamente as questões das provas.
Até o presente momento, restou evidenciada a associação de mais de 30 investigados para, criminosamente, realizar as provas no lugar de terceiros ou fornecer as respostas para inserção nos sistemas.
O caso impressiona pela expertise e facilidade encontrada pelos criminosos em burlar os sistemas de segurança das provas online de vestibulares de medicina de várias faculdades.
Diante da repercussão nacional e da necessidade de repressão uniforme, foi exarada autorização do Ministro da Justiça e Segurança Pública para que a Polícia Federal investigasse o fato criminoso.
Se confirmada a hipótese criminal, os envolvidos poderão responder pelos crimes de estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso, além de outros que possam ser identificados ao longo da investigação.
O nome “Passe Livre” faz alusão à facilidade para a concretização da fraude.
Facimpa emite nota
Em nota, a Facimpa (Faculdade de Ciências Médicas do Pará) informa que, "que, desde o início das investigações da operação "Passe Livre", conduzida pela Polícia Federal, tem cooperado ativamente com as autoridades. Em nota oficial, a PF esclarece que não há indícios de envolvimento das faculdades particulares nos crimes investigados", declara.
"A instituição reforça seu compromisso em continuar prestando total colaboração para garantir a integridade e transparência nos processos seletivos de seus cursos. A Facimpa reitera seu compromisso inabalável com a excelência acadêmica, a ética e a transparência, princípios que guiam todas as suas ações. A empresa mantém uma postura firme de intolerância a qualquer comportamento que viole seus valores fundamentais", diz a nota.
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