Prefeituras de 658 cidades brasileiras são comandadas por mulheres desde o ano de 2021. Apesar de representarem mais de 51,8% da população e mais de 52% do eleitorado brasileiro, as mulheres ainda são minoria na política. E os números das Eleições Municipais de 2020, levantados pela área de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram a baixa representatividade feminina na política do país.
Foram eleitas, 651 prefeitas (12,1%), contra 4.750 prefeitos (87,9%). Já para as câmaras municipais, foram 9.196 vereadoras eleitas (16%), contra 48.265 vereadores (84%).
No Pará, 27 mulheres foram eleitas prefeitas, um aumento importante na comparação às últimas eleições municipais em 2016, onde apenas 16% das prefeitas eram mulheres no estado. Dados do TSE mostram que a média nacional de prefeitas eleitas foi de 12,2%, bem abaixo da média paraense. Além disso, o registro de candidaturas femininas em 2020 foi recorde: 33,6% do total.
Na região do Carajás dos 39 municípios, 12 são geridos por mulheres. Bannach (Lucineia Alves), Canaã dos Carajás (Josemira Gadelha), Garrafão do Norte (Edilma Alves), Curionópolis (Mariana Chamon), Eldorado dos Carajás (Iara Braga), Floresta do Araguaia (Majorri Santiago), Nova Ipixuna (Dra Graça), Piçarra (Laane Barro), Rio Maria (Márcia Ferreira), Rondon do Pará (Adriana Andrade), São Domingos do Araguaia (Elizane Soares), São João do Araguaia (Marcellanne Cristina).
O número ainda não chega a ser a contento, mas a realidade tem demonstrado que o eleitor da região tem confiado mais na gestão pública e política das mulheres.
Duas dessas prefeitas participaram na tarde desta quarta-feira (9) de entrevista no programa Rota 100,7 transmitido ao vivo pela Rádio Clube FM (100,7 Mhz) em Marabá e conduzido pelo apresentador Elvan do Vale. A entrevista faz parte da programação especial feita em prol do Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça, 8 de março. As convidadas foram Elizane Soares da Silva (MDB) de São Domingos do Araguaia e Marcellanne Cristina Sobral Martins (PDT) de São João do Araguaia, municípios vizinhos a Marabá no sudeste paraense.
Em entrevista as duas destacaram o papel imprescindível da mulher não somente como parte integrante da sociedade, mas também em como as ações realizadas por elas podem não somente melhorar a qualidade de vida da população. Por exemplo, nas duas gestões, mulheres tem ganhado um espaço maior nas secretarias e nas diretorias de suas pastas. “90% de nossas diretoras são mulheres”, disse Marcellanne Cristina, prefeita de São João do Araguaia.
“O tato de lidar com as pessoas e a sensibilidade do atendimento no serviço público tem provado que as mulheres conseguem gerir melhor esse sentimento de humanização. É bem mais acolhedor, temos a missão e o desafio de em nossa fragilidade como mulher mostrar a força do nosso trabalho, a delicadeza em como tratamos as situações”, enfatizou Marcellanne Cristina.
Isso é muito bem analisado quando se trata de saúde da mulher e por serem mulheres, ambas as prefeitas declararam que aumentaram os investimentos locais nesse ponto importante da saúde básica dos municípios. “Dermos uma atenção especial à saúde das mulheres. Hoje em todos os nossos postos de saúde realizamos a coleta do preventivo do colo do útero, a cada 15 dias realizados mutirão de ultrasons transvaginais no Hospital Municipal e da mama, cuidando de nossas mulheres”, explicou a gestora de São João do Araguaia.
CHUVAS
Elizane Soares da Silva, prefeita de São Domingos do Araguaia destacou que além do cuidado com as mulheres em si, teve de lidar com a pandemia e com as fortes chuvas que caíram nos últimos meses em toda a região de Carajás e que também afetou de forma local o município. O problema em São Domingos foi a situação das estradas vicinais, visto que grande parte da população dessa região vive e subsiste da agricultura familiar na zona rural. “Pontes caíram, bueiros estouraram apesar do trabalho de manutenção, mas é como se não tivesse sido feito, a demanda e a dificuldade é muito grande”, declarou Elizane Soares. “São 17 PA’s (projetos de assentamento), muito maior que podemos atender, como mulher temos que saber administrar toda essa situação que um município e que uma população exige”, declarou.
Mas as experiências como mulher e como prefeita também tem seu lado positivo, e Elizane Soares percebe mais isso quando atende uma outra mulher, quer ela seja empresária, quer seja uma mulher do campo. “Vemos o carinho e a satisfação, as pessoas infelizmente não tinham atenção e isso foi o que me fez entrar na política, as mulheres são mais sensíveis, sentimos a dor da outra, entendemos quando ela está contando a sua situação”, diz ela explicando ainda que em São Domingos está sendo feito um trabalho intensivo no lado social e em vulnerabilidade.
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