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OPINIÃO

Chile: de General Augusto Pinochet a Gabriel Boric

Félix Gerardo Ibarra Prieto é empresário e professor universitário, que assinará a coluna de Relações Internacionais no DOL.

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Imagem ilustrativa da notícia Chile: de General Augusto Pinochet a Gabriel Boric camera O General Augusto Pinochet e Gabriel Boric, respectivamente. | Reprodução

Não haveriam figuras humanas, sociais e nem políticas tão diferentes quanto ao General Augusto Pinochet presidente (1974-1990) e, posteriormente, senador vitalício, e Gabriel Boric, ex-líder estudantil, ex-deputado e atual mandatário do país andino. Os atores são bem diferentes, em tempos e contextos diferentes, mas o Chile continua igual.

A atual constituição chilena foi proclamada no governo militar de Pinochet em 1980, uma referência do “neoliberalismo”, comparado apenas com o governo da primeira-ministra da Inglaterra, Margareth Thatcher (1979-1990). Como podemos ver, eles comandaram seus países ao mesmo tempo durante mais de uma década, os dois saíram no mesmo ano, morreram com a mesma idade e tiveram uma longa vida para sua geração, 90 anos.

Dias atrás a atual primeira-ministra britânica, Liz Truss (líder conservadora) disse que a Inglaterra só é o que é hoje graças às políticas “neoliberais” de Thatcher (a dama de ferro). Todos sabem que o Chile sempre foi muito elogiado na região e no mundo por suas qualidades democráticas e solidez econômica, principalmente na época pós Pinochet. “La Concertación” grupo de partidos de esquerda iniciado em 1990, com Patrício Aylwin, Eduardo Frei, Ricardo Lagos, Michele Bachelet (duas vezes). todos eles deram prosseguimento às políticas previstas sem manobras constitucionais radicais. Sebastian Piñera, também duas vezes presidente , sendo o único de direita nessa lista que começa em 1990, também foi pelo mesmo caminho.

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Em 32 anos de plena democracia, sendo 24 deles com partidos de esquerda, nunca houve necessidade de manobrar bruscamente a constituição. Sempre houve em todos os governos alterações pontuais e importantes e assim foi se avançando pouco a pouco. Uma mudança do tipo proposto neste último plebiscito não seria realizada tão facilmente. Embora os protestos de 2019 tenham indicado esse caminho.

Nesse meio termo, veio a pandemia, e no governo estava alguém contrário a essa mudança radical que teve tempo para fazer as manobras e erradicar essa ideia desejada ansiosamente naquele momento. Piñera deu tempo ao tempo e o povo chileno decidiu, por 62%, que não quer mudar radicalmente. Eu, pessoalmente não tinha dúvidas que isso não aconteceria, o APRUEBO (aceitar a nova proposta constitucional) e que seria vencedor o RECHAZO (rejeição da proposta).

Quais são os problemas da constituição de Pinochet segundo os populistas? Nela o estado não se responsabiliza integralmente e sim subsidiariamente (em parte) pela saúde, educação, seguridade social, não se responsabiliza pelo coletivo e sim cada um por si mesmo. Teoricamente ele (Estado) se preocupa muito mais pela iniciativa privada, mercado financeiro e os negócios. Ou seja, alguém tem dúvida do caráter “neoliberal”? Bom, eu não tenho, resta saber se isso é bom ou ruim para a maioria dos chilenos.

Em síntese, a constituição chilena “amarra” que apareça um populista. Cada trabalhador pode contribuir com mais ou com menos para se aposentar, cada indivíduo decide seu futuro e não o estado. Para quem se aposentou com menos do que um salário mínimo, o Estado ainda subsidia para completar, se a educação não é boa em algum município do país, o Estado vai lá e ajuda. Ou seja, não é como no Brasil, onde o Estado e a constituição se responsabilizam por tudo e não entregam nada, como disse um amigo chileno-brasileiro, profundo conhecedor da realidade dos dois países.

O certo é que em 24 anos de social democracia não fizeram mudanças nestes itens e o Chile foi avançando entre os países mais prósperos, com crescimento de quase dois dígitos nas três últimas décadas. Quiçá a Pandemia tenha colocado em evidência essa deficiência, porém os protestos nas ruas foram bem antes da COVID-19. Até agora, o resultado concreto dos protestos foi a chegada de um jovem de 35 anos (Gabriel Boric) no poder, cuja popularidade desaba rapidamente, logo entendeu o recado das urnas (rechaço) e já fez mudanças pontuais e importantes no seu gabinete.

Para finalizar, 32 anos depois da saída da Thatcher e Pinochet, Inglaterra e Chile optam por caminhos diferentes. Liz Truss chega ao poder e enaltece o legado da dama de ferro e o Chile vai para a esquerda radical querendo esquecer o legado do Pinochet. Truss disse que a Inglaterra não seria o que é hoje se não fosse a Margaret Thatcher e suas reformas, será que o mesmo não se pode aplicar ao Chile? É só uma pergunta...

* Félix Gerardo Ibarra Prieto

Mestre de doutor em Relações Internacionais. Professor titular da Unama (2006-2018) coordenador do curso de Relações Internacionais (Unama 2008-2012)

Diretor e fundador da rede Castilla idiomas do Brasil.

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