Acontece cada absurdo que a gente custa a crer que algumas pessoas, tidas a priori como sérias, mereçam um pingo sequer de respeito. Há mentiras deslavadas, cínicas e que já vinham proliferando no país graças à indústria das fake news. Mas, principalmente, também, pela sugestão de impunidade que passou a reinar tragicamente nos últimos quatro anos entre nós. As brutalidades bolsonaristas posavam até de normais, tamanha a indiferença pela qual eram tratadas por uma parte da sociedade tida como fascista, conservadora e de um direitismo extremado “em nome de Deus, da Pátria e da Família”. Felizmente, tudo agora vem sendo feito no sentido de limpar a casa, recuperar o tempo perdido. De, enfim, transformar o Brasil numa nação que se dê ao respeito ansiado e exija do mundo afora o retorno deste mesmo respeito pleno.
Confesso ter ficado pasmo para com o ex-ministro da Defesa, Anderson Torres, na casa de quem a Polícia Federal descobriu uma minuta de documento que, assinado, tentaria, em torpe golpe calculado, não reconhecer o governo eleito de Lula e provocar grande crise institucional. Sua versão de que a tal minuta ia ser triturada e não tinha valor configura-se na deprimente falta de respeito acima aludida. Torres posta-se como aqueles metidos a espertos, a imaginar que ao seu redor só habitem néscios, desinformados ou mal-intencionados. Espantou o cinismo da resposta de quem um dia já foi autoridade.
Lembrei de mim, aos 10 anos, louco para ir passear de bicicleta na Praça da República, mas não indo por causa de uma aula particular de matemática (eu era péssimo em aritmética no colégio e necessitava de aulas extras). Minha professora, eficiente e atenciosa, também prezava pela disciplina e exigia atenção nos exercícios que passava. Morena jovem, Inês percebeu meu sequioso desejo de ir para a rua brincar e o brecou pedindo-me a imediata resolução de uma enorme equação de segundo grau justo no momento. Resultado: nem pude pegar na Gulliver. Quando a rigorosa mestra foi embora, revoltado, abri o caderno no meio e registrei com toda fúria imaginável a frase racista e preconceituosa “Inês, sua caboclinha escrota...” Até que deu, na hora, para amenizar a raiva um pouquinho. Mas, dois dias depois, Inês retornou reivindicando o caderno para passar outra equação. Distraído, sem recordar de nada, o entreguei. Foi quando, folheando-o, ela achou a frase sinistra. Em seguida, franziu o cenho e chamou mamãe para mostrá-la.
Claro que peguei um castigo severo e ainda tive de pedir desculpas pela estupidez. Todavia, a maior irritação de dona Celeste diante do ato foi o ridículo argumento que balbuciei, dizendo ter esquecido de rasgar a página com a ofensa. Melhor seria, com certeza, ter ficado calado. Meu castigo inclusive aumentou por causa da desculpa idiota. Horrível, não? Só que eu tinha apenas 10 anos naquela oportunidade e o ex-ministro - tamanho homem - já beira os 47. Eu paguei alto preço pelo que fiz. Só quero agora que o frustrado golpista e pretensos beneficiários, também.
Quinta-feira, a antessala do final de semana, o dia em que a gente já toma a primeira...
PENULTÍSSIMA
A penúltima reunião da Confraria do Panamá no Café da Sol-Doca dar-se-á depois de amanhã, sábado. A ultimíssima ficou marcada para o dia 11, sábado “magro” de carnaval. Dia 18, a Confraria passará a habitar o Núcleo de Conexões Ná Figueredo, na Gentil.
PIANO FICA
O piano do Café da Sol não irá para o casarão da Doutor Moraes, permanecendo no prédio da Doca, devidamente guardado pela turma da Vale. Aliás, pode ser que a Vale utilize o espaço do Café para programações culturais. O piano, então, seria de vital utilidade.
CARNAVAL DE SALÃO
Baile de carnaval como antigamente, cheio de serpentinas e confete, dia 10, sexta-feira, no Municipal da Municipalidade. Animando-o, Helinho Rubens, João Bererê, Celso Vaughan e Maizena. Ingressos a R$ 50 pelo zap 98237-6339.
NILSON CHAVES EM CAPANEMA
Quinta e sexta próximas, dias 9 e 10, Nilson Chaves estará se exibindo na Estação 56 de Capanema. O zap para os ingressos é (91) 98565-1651.
Quinta-feira, a antessala... Divirtam-se !
Guinga e Cláudio Jorge - “Farinha do Mesmo Saco”
Guinga e Cláudio Jorge são cariocas descendentes de linhagem nobre do choro e do samba de um Rio antigo nem tanto antigo assim. O álbum que gravaram juntos, “Farinha do Mesmo Saco”, buscou remontar paisagens românticas, cada vez mais soterradas pela cruel modernidade contemporânea na ex-capital brasileira. “Largo das Cinco Bocas”, feito em homenagem a Aldir Blanc, falou em “Água Santa, Piedade, tô encantado de você, já nem sinto mais saudade. Saudade tem Cascadura, amacia em Madureira”. Já “Chorando pelos Dedos” prestou tributo ao bandolinista Joel Nascimento, com melodia do saudoso João Nogueira. À propósito, brilhou no lançamento a cantora Anna Paes. Ouçam porque é algo sério, de caras com talento imutável. A Karup lançou esta semana pelas redes.
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