Excesso de carga: erro que custa caro ao caminhoneiro

Preço alto do combustível, dificuldade em repassar custos ao cliente e inflação das peças de reposição são algumas das razões para que alguns caminhoneiros autônomos ou até mesmo empresas excedam a capacidade de carga do caminhão, na tentativa de ganhar mais por entrega realizada.

Mas essa prática, ao contrário do que se pensa, não ajuda a aumentar a margem de lucro, pois causa danos ao veículo, aumentando os custos de manutenção. Além disso, a carga em excesso pode resultar em multas, sem contar que contribui para piorar o desempenho do motor.

As montadoras fazem testes pra garantir que o caminhão que vai para o mercado atenderá os padrões de segurança, desempenho e emissões. Colocar mais carga acima do que o veículo suporta faz com que todo esse trabalho seja perdido. E o prejuízo fica justo com o proprietário. A bem da verdade, não há benefício nessa prática.

Para ajudar os caminhoneiros a compreenderem a importância de se respeitar a capacidade máxima do veículo, conheça algumas das consequências negativas dessa prática.

COMBUSTÍVEL – Você está feliz porque transportou, numa única viagem, 15% a mais de carga que o estipulado no manual do proprietário. Tudo bem, mas no sentido oposto, você também gastou mais combustível. E ao preço que está o diesel, o custo não foi tão pequeno assim. Pra movimentar o peso demasiado, o veículo precisa manter rotações maiores, saindo de sua faixa de eficiência energética. E transportar mais peso exige mais força, resultando em maior gasto de energia, principalmente em subidas e ruas e estradas com muitos quebra-molas ou esburacadas.

MECÂNICA – O peso excedente exige mais dos componentes do caminhão. Quem mais sofre são a suspensão e os pneus, que passam por desgastes mais acentuados. A vida útil da transmissão e dos freios também é reduzida. Há também uma questão de segurança envolvida: mais pesado, o veículo exige mais dos freios, que podem ficar superaquecidos e não funcionarem na hora que for mais necessário. Sem contar que, ao exigir mais torque, as peças internas do motor são prejudicadas. O resultado é o aumento do número de revisões e da manutenção. E você sabe que caminhão parado na oficina é sinônimo de prejuízo.

ESTABILIDADE – O transporte de carga acima do limite da capacidade compromete a dirigibilidade. Dessa forma, manobras mais delicadas como a execução de curvas podem ser dificultadas. A estabilidade também é prejudicada. Qualquer movimentação da carga excedente será capaz de torcer a carroceria do veículo. E dirigibilidade e estabilidade comprometidas resultam em mais facilidade de tombamento do veículo.

VELOCIDADE – Como o caminhão precisa fazer mais força pra transportar um peso maior do que aquele para o qual foi projetado, o motor e outros componentes perdem a capacidade de responder adequadamente aos comandos e evitar situações críticas no trânsito. Assim, a velocidade diminui, bem como a resposta dos freios. Isso torna a viagem mais lenta e perigosa e o motorista vai demorar mais para chegar ao destino.

EMISSÕES – Caminhão com mais peso que o indicado exige mais do motor e queima mais combustível, certo? Consequentemente, emite mais gases poluentes e também reduz a vida útil de filtros e do próprio óleo do motor, gerando outros tipos de resíduos com mais frequência.

MULTA – Exceder o peso é infração média, prevista no artigo 231, inciso V, do Código Brasileiro de Trânsito, com multa e retenção do caminhão para o transbordo da carga excedente. Segundo a resolução nº 258 do Contran, de 30 de novembro de 2007, quando a fiscalização for feita por equipamento de pesagem (balança rodoviária), a tolerância pra carga em excesso é de 5% sobre os limites regulamentares para o Peso Bruto Total (PBT).

RODOVIAS – O caminhão com excesso de peso causa mais danos às rodovias, porque esse peso a mais é transferido para o solo, causando deformidades no asfalto e até buracos, que se transformam em obstáculos para os próprios veículos de carga. Uma pista irregular e com buracos resulta em maior gasto de pneus e redução do tempo de vida da suspensão, dos freios, além da própria depreciação do veículo. Portanto, é preciso que o motorista tenha consciência sobre suas responsabilidades em relação à conservação das vias públicas, pois ele será o mais beneficiado.

Como se vê, além de não ser uma escolha inteligente, o excesso de carga tem impacto na vida de outras pessoas, gera mais custos para o proprietário do veículo e afeta a sociedade, ao passo que emite mais poluentes, aumenta o risco de acidentes e piora as condições das vias públicas.