O grupo Renault tem infraestrutura de engenharia e testes tanto na França como noutras partes do mundo. Mas na cidade francesa de Aubevoye encontra-se um tesouro bem guardado: as câmaras anecoicas, salas isoladas de qualquer interferência sonora ou eletromagnética e onde protótipos de futuros veículos são testados e onde são desenvolvidos sons e funções conectadas do futuro.
O Centro Tecnológico de Aubevoye é um complexo localizado a 100 km a noroeste de Paris, cercado por grades e de acesso restrito por mais de 600 hectares, contando com quase 60 km de pistas, 44 bancos de testes, 2 túneis de vento e 18 câmaras de corrosão. Tudo pra testar futuros veículos das marcas do grupo em qualquer situação, em meio à florestas. Ele tem cerca de mil especialistas entre pilotos, técnicos, engenheiros e outros profissionais, que trabalham num local que em nada se parece com um escritório.
As paredes e o teto da primeira sala são cobertos com placas de espuma com prismas horizontais e verticais que absorvem ondas sonoras e eletromagnéticas. Por isso não há reprodução de ecos na sala – daí o nome anecoica. Mas como o piso não tem isolamento, é semianecoica. Lá, a palavra ‘silêncio’ tem novo sentido: não se ouve nada dentro dela e qualquer movimento ou atrito de um tecido ou da respiração é perceptível. Por outro lado, ao bater palmas, o som é abafado, já que não há reverberação de eco.
Há 10 anos, o Zoe deu origem a novos questionamentos em torno do som, como o que fazer a respeito do silêncio do motor. Nas câmaras anecoicas, a Renault criou alertas para que pedestres o ouvissem se aproximando. Hoje, cercado por microfones de alta fidelidade, é o novo Mégane E-Tech Electric que é o foco da atenção dos engenheiros, que medem seu isolamento em relação aos ruídos gerados por propulsor, pneus e outros elementos. Eles trabalham no isolamento sonoro do veículo e nos sons que contribuem pra experiência acústica, como barulho de portas, alertas de advertência, música etc. Agora o foco é o ruído de piscas, apertos de botões e toques na tela do multimídia.
Não muito longe, outra câmara chama a atenção: uma sala com paredes com painéis brancos, que cobrem a espessa camada de materiais de isolamento acústico. Neste local, outro Mégane E-Tech é testado num dinamômetro de rolo, pra simular condução na rua. Ele é bombardeado por ondas eletromagnéticas, com intensidades e frequências variadas. Em uso real, os veículos estão sujeitos a campos eletromagnéticos ao passar por torres de telefonia e de TV e até mesmo por radares de velocidade. Por isso é necessário fazer com que nada provoque interferências no funcionamento do veículo. As paredes da sala bloqueiam as ondas eletromagnéticas e o isolam do ambiente externo, pra testar como ele transmite e capta os tipos de ondas. E ao contrário das ondas sonoras, que diminuíram em torno dos veículos, as eletromagnéticas aumentam a cada dia. E do início deste século pra cá, quadruplicou o número de equipamentos eletrônicos embarcados.
Numa outra sala de quase 300 m² e com 11 metros de pé-direito há uma placa “Cuidado com os olhos...”, pois ela tem paredes, piso e teto com cones de espuma. Esta é uma câmara anecoica, onde testam a recepção das ondas de todos os veículos. Juntas, essas câmaras e os laboratórios de análises realizam mais de mil sessões de testes/ano. Muitos meses antes de serem revelados ou até mesmo antes de receberem um nome, os futuros veículos passam dias nestas salas cegas e surdas, rodeadas por frequências invisíveis. Nelas não se vê ou ouve nada, mas muita coisa acontece dentro destas desconhecidas câmaras do tesouro da tecnologia das ondas.
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