Na estreia do novo técnico, o Remo afundou ainda mais na Série B ao perder em casa para o Vila Nova-GO. Ainda tem um jogo a menos, mas o desempenho é pífio, muito abaixo do esperado. Ganhou sete pontos em 24 disputados e completou sete jogos sem vitória. A derrota acentuou a crise técnica e ampliou a aflição que domina o clube, da diretoria à torcida.

Não é para menos. Felipe Conceição assumiu a equipe, mas nem isso fez com que o time mostrasse capacidade de reação. Além de todos os problemas já amplamente conhecidos, a partida de ontem revelou um Remo sem vibração, pouco intenso e que transmitiu desamparo em vários momentos.

O mais grave é que o adversário não é dos melhores da competição. Está no bloco intermediário, tem mais ou menos o mesmo nível do Remo, mas sabia o que estava fazendo, a exemplo do Sampaio Corrêa há duas rodadas.

Desde os primeiros movimentos, com a lentidão prevalecendo na troca de passes, o Remo não ameaçava, não metia medo. Algo anormal, pois em casa os azulinos sempre foram temidos e respeitados. Nos 45 minutos iniciais o time não conseguiu dar um chute a gol.

Respeitava em excesso um oponente que trocava passes e fazia passar o tempo, claramente satisfeito com o 0 a 0. Ainda assim, coube ao Vila a melhor chance do primeiro tempo, em belo arremate cruzado de Kelvin, que exigiu de Vinícius uma defesa arrojada.

Com Renan Gorne e Dioguinho trombando com a zaga goiana, sem a aproximação dos meio-campistas e com os laterais presos na marcação, a bola raramente chegava com perigo à área do visitante. Cruzamentos eram tentados, mas sem direção ou na cabeça dos zagueiros.

Veio o segundo tempo e, logo de cara, Alesson recebeu na área e bateu cruzado em direção ao gol. Kevem salvou junto ao poste. Felipe custou a mexer – demora justificada pela falta de opções para o meio e o ataque – e o time cansou. Aumentou a média de passes errados, enquanto o Vila administrava a posse de bola sem maiores sobressaltos.

Por volta dos 20 minutos, começaram as substituições. Em sequência, saíram Uchoa, Renan Gorne, Tiago Ennes, Dioguinho e Erick Flores. Entraram Pingo, Tiago Miranda, Wellington Silva, Artur e Wallace. 

Mudou a dinâmica, o time passou a trocar mais passes rasteiros e a investir em infiltrações. Gedoz mandou um chute rente à trave. Depois, Tiago bateu cruzado e Georgemy encaixou no canto, aos 30 minutos. Foi o primeiro disparo certo do Remo em direção ao gol no jogo.  

Antes que as mudanças fizessem algum efeito, um escanteio para o Vila resultou no único gol da partida. Aos 35’, o zagueiro Rafael Donato saltou mais que a zaga e cabeceou sem chances para Vinícius.

Logo em seguida, com todos no ataque, o empate quase saiu. Lucas Siqueira fez sua melhor aparição no jogo, cortou um zagueiro e cruzou para Wallace. Pressionado pela defesa, o atacante cabeceou por cima.

Aos 43’, a grande chance azulina: Artur cruzou da direita, a bola atravessou o campo e caiu nos pés de Igor Fernandes, que bateu forte, à meia altura. O iluminado Donato cortou antes que a bola chegasse ao gol.

As últimas articulações do Remo na partida mostraram mais consciência e apuro nas jogadas, talvez pela presença de três jogadores vindos da base – Wallace, Pingo e Tiago Miranda, todos com boa participação.

Essa discreta melhora não foi suficiente para mudar a história do jogo. E, a bem da verdade, o Remo não exibiu em nenhum momento aquele brilho inconfundível de quem está destinado a vencer. Resta agora a Felipe Conceição um árduo e desafiador caminho pela frente.

 Passa em branco a data mais triste do futebol brasileiro

Fiquei observando a reação dos veículos nacionais, ontem, na expectativa de alguma reportagem nostálgica sobre aquele 7 a 1 de sete anos atrás, no Mineirão. Nem sinal. A derrota para a Alemanha, mega e insuperável vexame, foi intencionalmente varrida para debaixo do tapete, aquele tipo de acontecimento que todos fazem questão de não lembrar.

O gesto pode ser compreensível, revelador da vergonha daquele jogo horroroso. Comandada por Felipão, a Seleção da CBF levou uma surra histórica, construída impiedosamente ainda nos primeiros minutos.

Ninguém, por mais que a mídia tente, vai esquecer aquela tarde-noite de pesadelo, nem das lambanças de David Luiz, Dante, Luiz Gustavo, Bernard, Fernandinho, Fred e Hulk, principalmente. Mal escalada, agarrada àquela bobagem mística de “família Scolari”, a Amarelinha foi vilipendiada e sofreu seu pior ultraje.

O meio-campo era tedioso, como hoje, quando Tite insiste no perfil de encantador de serpentes, sem acrescentar vida inteligente a um setor que sempre foi latifúndio nacional irremovível.

Alguns esquecem, mas foi amparado em meio-campistas imortais – Didi, Zito, Gerson, Clodoaldo, Rivaldo – que o Brasil dominou o mundo e levantou cinco canecos, marca até hoje insuperável.

Que a experiência aterradora de 2014 e a pasmaceira arrogante de 2018 sirvam de lição à Seleção de Tite, contribuindo para que a equipe tenha um mínimo de ânimo criativo contra os velhos rivais argentinos nesta final de Copa América, amanhã à noite, no Maracanã.

É bom não esquecer que Lionel Messi, ainda o melhor do planeta, demonstra imensa vontade de levar essa taça. Para isso, parece disposto a superar o Brasil de seu amigo Neymar em nome de uma conquista que ele deve à torcida argentina e a si mesmo. A maneira indômita como se lançou ao jogo contra os carniceiros colombianos confirma isso.

Aliás, como a decisão será no Maracanã, cabe lembrar que foi lá que Messi quase conseguiu alcançar feito tão ambicionado, naquele mesmo mundial que nos legou constrangimento eterno. 

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