Para corações fortes
Fazia tempo que uma decisão não mexia tanto com o emocional da torcida remista. O Fenômeno Azul passou a semana inteira preocupado com o jogo deste domingo contra o Confiança, no Baenão. A ansiedade não arrefece nem mesmo com a vantagem de poder jogar sem precisar de combinações de outros resultados.
O CRB derrotou o Vitória, na segunda-feira (22), deixando o caminho livre para o Remo resolver sua situação na Série B com uma vitória simples hoje sobre o alviceleste sergipano. É um trunfo importante, que Londrina e Vitória não têm.
Apesar das circunstâncias que favorecem os sonhos de permanência, há no imaginário do torcedor o justificado receio de uma recaída técnica, sentimento motivado pela fase cambaleante do time nas últimas 10 rodadas. Foram sete derrotas, apenas uma vitória e dois empates.
O time se tornou inconfiável a partir da insistência do técnico Felipe Conceição, que se manteve agarrado a um modelo de jogo que não tinha as peças necessárias para funcionar. A teimosia se estendeu a nomes que atravessavam fase técnica insatisfatória. Artur é o exemplo mais óbvio.
Felipe caiu acreditando na proposta de jogar com um meio-campo aberto, propondo jogadas e controlando a posse de bola. Nessas rodadas que causaram a queda vertiginosa do time raras vezes a proposta se mostrou exequível. Em alguns momentos, como diante do Brusque, lampejos deram a falsa impressão de uma recuperação.
A vitória contra o Cruzeiro, importantíssima por permitir superar a faixa dos 40 pontos, não teve a sequência esperada. Na rodada seguinte, o time afundou em casa contra o Londrina, um adversário direto. Resquícios desse descompasso se estenderam à estreia de Eduardo Baptista contra o Goiás. Outro erro individual comprometeu a atuação.
Como a partida de hoje representa a chance de permanência, tudo o que ocorreu no período recente fica em segundo plano. A parte psicológica, que tanto influiu no rendimento oscilante da equipe, parece estar sob controle. Os nervos funcionam bem desde que o time titular bateu o Manaus, com autoridade, pela Copa Verde na quarta-feira.
Com o Baenão cheio, tudo o que o Remo precisa é de alma para responder aos anseios da torcida e sangue frio para definir o jogo. Nesse aspecto, o papel dos líderes do elenco – Erick Flores, Felipe Gedoz, Lucas Siqueira e Vinícius – torna-se crucial para conquistar o resultado tão esperado.
Despedida de Galvão fecha ciclo no Águia
Em vídeo divulgado na quinta-feira (25), João Galvão comunicou que está se afastando de suas funções no Águia de Marabá. Deixa o comando técnico e a função de diretor de futebol. Cumpriu o prometido à família em conversas que vinham ocorrendo nos últimos anos.
São mais de 14 anos ininterruptos cuidando do futebol do Águia, como quem cuida de um filho. Na verdade, Galvão tem ainda mais tempo acumulado de dedicação ao clube. Chegou em 1999 ainda como atleta.
Depois de tanto tempo de casa, chegou a hora de bater em retirada. Não deve ter sido uma decisão fácil. Galvão se identifica tanto com a história do clube que, em muitos momentos, era praticamente impossível lembrar o nome do presidente, pois a figura do técnico prevalecia.
O desgaste natural da gestão contribuiu para o desenlace. O Águia passa por mudanças e Galvão tem a humildade de reconhecer que o processo passa necessariamente pelo comando técnico, que ele sempre exerceu com absoluta autonomia.
Os próximos passos irão dizer se o Águia consegue mesmo caminhar bem sem a presença de seu maior entusiasta e obreiro.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 19h15, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Em pauta, a rodada final da Série B e a expectativa para o clássico Re-Pa nas semifinais da Copa Verde. A edição é de Lourdes Cézar.
Grêmio prova que dinheiro não compra felicidade
Clube brasileiro com o maior superávit financeiro nos últimos dois anos, o Grêmio atravessa hoje um verdadeiro calvário na Série A, ameaçadíssimo de rebaixamento após uma campanha pífia – perdeu 19 jogos até agora, um recorde na competição.
Os milhões da receita do clube têm a ver com uma gestão segura e controlada, que não sofre – como várias outras agremiações – abalos nem mesmo quando há alternância de poder. Por essa razão, o Grêmio não tem dívidas descontroladas e hoje ostenta balancetes mais lucrativos do que Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG, por exemplo.
Em relação aos rivais que mais se destacam no cenário nacional, tem a vantagem de basear sua solidez econômica em recursos próprios, turbinados por transferências lucrativas e parcerias poderosas. Mais que os outros grandes, o Grêmio sabe a origem do dinheiro que entra.
Nada disso, porém, impediu que o elenco milionário, com direito a estrelas de nível internacional – Rafinha, Douglas Costa –, entrasse em parafuso e desabasse no campeonato, situação agravada com a saída do técnico Renato Gaúcho.
Em antepenúltimo lugar, o Grêmio vive a situação esdrúxula do time que tem recursos, mas não consegue dar liga em campo. O cenário é tão inusitado que fica difícil explicar a derrocada, pois a maioria dos times caem em função de problemas técnicos aliados a graves aperreios financeiros.
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