O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias e os linfomas e consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma medula saudável.
Para quem não conhece, a medula óssea é aquela massa que é conhecida popularmente como "tutano". Nos seres humanos, o tecido líquido-gelatinoso é responsável pela produção dos componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas.
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As hemácias transportam o oxigênio dos pulmões para as células de todo o organismo e o gás carbônico das células para os pulmões, a fim de ser expirado. Já os leucócitos fazem a defesa das infecções e as plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.
No Pará, o processo de doação de medula óssea é intermediado pela Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa). Desde 2003, o órgão realiza o cadastro de possíveis doadores de medula óssea no estado, cujo banco de dados conta com cerca de 140 mil voluntários e é integrado a bases de dentro e de fora do Brasil, como o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
Gerido pelo Ministério da Saúde e com mais de 5 milhões de doadores cadastrados, o Redome é reconhecido como o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo. Anualmente, são incluídos mais de 300 mil novos doadores.
Já o procedimento é realizado pelo Hospital HSM, o primeiro do Norte credenciado pelo Ministério da Saúde e pela Central Nacional de Transplantes e autorizado a realizar o transplante de medula óssea.
A probabilidade de um doador ser compatível com os seus familiares é de 30%, entretanto, em relação à compatibilidade com qualquer outra pessoa, as chances são menores. No Brasil, é de 1 em 100 mil a chance de encontrar um doador compatível.
COMO É FEITO O TRANSPLANTE?
O processo tem início com testes específicos de compatibilidade, onde são analisadas amostras do sangue do receptor e do doador, buscando a melhor compatibilidade possível, a fim de evitar processos de rejeição da medula pelo receptor, bem como outras complicações como a agressão de células do doador contra órgãos do receptor.
Segundo o Hematologista Dr Saraiva, o transplante de medula óssea, é um chamado de sem cortes, porque não envolve uma cirurgia. É um processo ainda mais complexo, porque envolve uma destruição da imunidade do paciente, ou seja, da fábrica do sangue de forma temporária, "porque daremos uma quimioterapia para destruir as células de câncer, mas acaba que esse processo também destrói as células saudáveis da medula óssea. E a partir dessa destruição, daremos espaço nesse paciente ou para ele receber as células de volta que estavam guardadas ou para ele receber uma nova medula óssea, de algum doador, podendo ser de parente ou não', explicou
A partir disto, o doador é submetido a um procedimento feito em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.
Para receber o transplante, o paciente é submetido a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula. Então, ele recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Uma vez na corrente sanguínea, as células da nova medula circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.
PIONEIRISMO
O Hospital HSM foi credenciado pelo Ministério da Saúde e pela Central Nacional de Transplantes e se tornou o primeiro do Norte do Brasil a ser autorizado a realizar o transplante de medula óssea, procedimento indicado a pacientes com doenças de sangue, como leucemia, linfomas e alguns tipos de anemia.
Dr João Saraiva, médico Hematologista e especialista em Transplante de Medula Óssea, explica a importância de termos esse processo realizado em um hospital como o HSM. "O transplante é executado na década de 70, e até hoje, a região norte, como um todo, não podiam fazer esse procedimento aqui na região, sempre tiveram que procurar outros estados, principalmente do Sul e Sudeste. Então, esse trabalho no hospital visa acelerar, reduzir essa distância entre o Pará e outros estados", contou.
Ainda de acordo com ele. "Nós temos uma lista grande de pacientes que estão na espera para realizar o procedimento. Então, nós vamos conseguir abraçar e buscar atender o máximo de paciente que conseguirmos, pincipalmente nessa fase inicial", ressaltou.
COMO SE TORNAR DOADOR?
Para fazer parte do cadastro de doadores de medula óssea no Pará, a pessoa deve ter entre 18 e 55 anos e se apresentar em uma das unidades do Hemopa com um documento oficial de identidade com foto. Lá, irá preencher um cadastro com os seus dados pessoais, indicar endereço fixo e não pode ter histórico de câncer ou de HIV.
Uma seringa com 5 ml de sangue é coletada para que seja feita a tipagem HLA (Antígenos Leucocitários Humanos), desse candidato a doação, que não precisa estar em jejum. Essa tipagem é um exame que possibilita o mapeamento das características genéticas deste candidato.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o responsável pelo cruzamento entre os bancos de dados do Redome e do Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme), para verificar a compatibilidade entre os doadores e os pacientes.
O cadastro de doadores pode ser feito dentro da Fundação Hemopa em Belém, nas unidades de Castanhal, Marabá, Santarém, Tucuruí, Altamira, nas unidades fixas dos shoppings da capital, como Castanheira e Pátio Belém, e em campanhas externas nas unidades móveis.
O possível doador só precisa fazer apenas uma vez. Porém, o Hemopa alerta sobre a necessidade de atualização cadastral entre os que já fazem parte do banco de dados, no caso de mudança de telefone ou endereço. A comunicação da alteração pode ser feita através do número 0800-280-8118 ou de forma presencial, em alguma das unidades da Fundação.
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