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TELA QUENTE

Crítica e desigualdade social são tratados em “Parasita”

O filme vencedor do Oscar, do festival de Cannes, entre outras premiações, passará na TV aberta nesta segunda (5)

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Imagem ilustrativa da notícia Crítica
e desigualdade social são tratados em “Parasita” camera Cena de Parasita: filme estreia na TV aberta | Reprodução

Na sequência inicial do filme sul-coreano "Parasita", os quatro membros da família Kim rastejam à procura de wi-fi. Rodam pelos poucos cômodos da casa onde vivem -um pardieiro minúsculo, abaixo do nível do asfalto e sujeito a enchentes e à urina dos bêbados da rua –e se dão conta de que não terão mais como surrupiar o sinal de internet dos vizinhos.

A trupe semimiserável encontra saída para seus perrengues financeiros por meio de um novo trambique. Ki-woo, o primogênito, descola um bico dando aulas particulares para a filha dos Park, um casal de ricaços. O rapaz vê nisso a chance de infiltrar os seus outros três parentes na casa daquela outra família, que é uma imagem distorcida da sua –igualmente cínica, mas com dinheiro de sobra.

Foi com esse jogo de espelhos que o cineasta Bong Joon-ho faturou o Oscar e outros dos principais prêmios do cinema.

"Parasita” estreia na TV aberta nesta segunda-feira (5), na Tela Quente, da TV Globo.

Além dos prêmios, o filme figurou em listas de melhores filmes do ano, exaltado pela aguda crítica social.

"Não me considero pessimista, mas é assustador saber que a desigualdade social é algo que só vai piorar e que meus filhos viverão num mundo pior do que o de hoje", disse o diretor.

Ele calcula até quanto tempo um personagem como Ki-woo levaria para poder comprar uma casa como a da família Park. "Seriam 547 anos."

No enredo, os quatro integrantes da família Kim conseguem se infiltrar no casarão dos Park, sem que os donos percebam que eles são todos parentes. A irmã de Ki-woo passa a dar aula de artes para o caçula deles, o pai vira o motorista, e a mãe assume o papel de governanta daquela ensolarada mansão de paredes de vidro e concreto aparente, tão diferente da espelunca onde eles moram.

Bong Joon-ho realça as discrepâncias entre os dois mundos em planos que reforçam a verticalidade. Se a casa dos Kim é subterrânea, a dos Park se estende por vários andares.

"Há algo aí que qualquer pessoa pode entender, mas que é típico da Coreia. As pessoas mais pobres são levadas a viver em casas abaixo do chão, em que o sol mal bate", diz o diretor. Tanto é assim que ele faz questão de mostrar o banheiro dos Kim, com a privada elevada e quase batendo no teto, uma forma de fazer com que haja pressão na descarga. "No meu país chamam aquilo ali de altar do excremento."

A crítica social não é estranha ao trabalho de Bong, ainda que ele seja um cineasta mais conhecido pela forma exuberante do que pelo conteúdo severo de seus filmes.

Talvez mais preciso seja dizer que ele usa as convenções do chamado cinema de gênero –como as do filme de monstro, em "O Hospedeiro", ou do thriller, em "Mother"– para canalizar temas de relevância política. Mesmo o fofo "Okja", sua obra mais comercial, era um petardo contra a indústria da carne.

"Claro que há filmes sisudos com fortes mensagens sociais, e eu os respeito. Mas eu não consigo criar assim, sem usar ou distorcer as convenções do gênero. O que eu gosto é quando o público vai para casa depois de assistir a um filme e só então a mensagem começa a brotar, como uma mancha que espalha no seu corpo e você passa a senti-la."

Em "Parasita" isso não é diferente. À primeira vista, o filme parece mais uma comédia de humor negro centrada nas discrepâncias sociais entre os dois núcleos familiares. Lá pelas tantas, Bong faz jorrar sangue como numa violenta obra de terror. O saldo depois que a trama termina, contudo, é amargo como o de um drama pesadíssimo.

Embora carregado dessa voltagem social, o filme de Bong nunca derrapa no maniqueísmo ou na condescendência ao abordar o abismo que separa os personagens.

Os Park são desancados em seus tiques de "nouveaux riches", como no hábito da matriarca de distribuir frases em inglês a rodo, mas nunca são tratados como vilões gananciosos. Já os Kim são perversos, mas o filme justifica o embrutecimento deles pela circunstâncias em que vivem. "Estão todos numa zona cinzenta."

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